Este pequeno estudo foi suscitado pela cópia de parte de um inventário de bens de Jos Dutra, 2.º capitão do Faial e Pico, existente no espólio documental de Pêro Anes do Canto (D ocumento 1).
Com carácter informal e sem data, sabemos visar o segundo capitão e não o homónimo seu pai, falecido cerca de 1495 ( Arquivo dos Açores [1527], I: 164), pelas constantes referências a Pêro Anes do Canto que apenas se atesta no arquipélago a partir de 1505 ( G regório , 2001: 25). Para mais, porque o segundo capitão era já falecido em 1550, data em que o sucessor Manuel Dutra Corte Real é encartado na capitania ( Arquivo dos Açores [1550], I: 161), e porque é o próprio que arrola os respectivos bens, o inventário em causa apenas podia enquadrar-se na primeira metade do século XVI. Além disso, o estudo que foi concretizado sobre o património de Pêro Anes do Canto vinha agora a precisar essa datação. O D ocumento 1, em apêndice, referencia o carácter recente da posse deste último proprietário sobre certa metade de criação localizada nas confrontações do Monte Queimado, carácter recente expresso nos termos de ora posuy . Da aquisição de metade da criação e terra é conhecida escritura de compra datada de 17 de Junho de 1517, a qual foi outorgada em presença e pelo próprio capitão Jos Dutra (Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada (a), II: 49). Se este se pode considerar o momento da aquisição e se, porventura, não está por documentar qualquer outra iniciativa de Pêro Anes do Canto na área, então diremos que a inventariação em causa acontecia pouco tempo depois da referida compra.
Deste modo emerge um arrolamento preciso dos bens do capitão Jos Dutra no Pico, com data provável de finais de 1517 ou de inícios de 1518, que se pretende analisar em termos de composição, de rentabilização económica e das estratégias de ocupação e de exploração da ilha. |