A força da hiperficção como forma literária assenta, em grande parte, no modo como permite traduzir os traços do corpo em mutação, as suas indecisões e sonhos: apagamento dos binarismos, hibridismo, desencarnação? Virá o ciborgue livrar-nos deste corpo de morte? Se na Rede as questões de género, sexualidade, nacionalidade e nome são irrelevantes para definir as relações e as identidades, que corpo poderá manifestar a literatura no ecrã senão um corpo-colagem, uma manta de retalhos? As tecnologias da informação estão a transformar as fundações materiais da vida humana e a própria subjectividade. Que impacto tecnológico sobre o corpo resulta desse facto? Ter-se-á o hipertexto tornado o corpo desterrado de que fala Shelly Jackson?
|