Tributo a CHARLES BAUDELAIRE
Org. ALESSANDRO ZIR
Walter Benjamin
Baudelaire teve de se acertar com leitores a quem a leitura de poesia lírica apresentava dificuldades. O poema introdutório de Fleurs du Mal é voltado a esses leitores. Com a força de vontade deles bem como com o poder que tinham de concentração não se chega muito longe; dão preferência à satisfação sensual; eles apostam no spleen, que se vê livre do interesse e da receptividade. É inesperado deparar-se com um poeta lírico que se detém diante de um tal público, o mais ingrato. É claro que é fácil achar uma explicação. Baudelaire queria ser compreendido: ele dedica seu livro àqueles que com ele são parecidos. O poema ao leitor encerra-se com a apóstrofe: “Leitor hipócrita — meu semelhante — meu irmão!” O que está aqui em jogo revela-se mais vivamente quando se reformula e diz: Baudelaire escreveu um livro que desde o início tinha pouca possibilidade de alcançar um sucesso de público imediato. Ele contava com um tipo de público como o descrito no poema introdutório. E aconteceu disso vir a ser um cálculo de largo alcance. O leitor que ele veio a encontrar lhe foi fornecido pela época seguinte. Que esse é o caso, que, em outras palavras, as condições para a recepção da poesia lírica eram desfavoráveis, mostra-se por três coisas, entre outras. Em primeiro lugar, o poeta lírico deixou de ser tomado pelo poeta enquanto tal. Não é mais “o bardo”, como Lamartine o era, constituiu-se em um gênero…
Sobre alguns motivos em Baudelaire
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revista triplov
SÉRIE VIRIDAE / 03 / CHARLES BAUDELAIRE
Portugal / Dezembro 2021