Pus-me a apalpar as «bacas» - eram uma cabeça - eram um porco espinho.
Vi: obecessivamente: voltei a ver: obececivamente: e porém: obsessivamente.
Quem batia Cloé nos pórticos da antescrita? Os simposiuns decorriam entre leitugas. Os veneráveis e simpáticos banqueiros recitavam Platão durante a missa e uma massa de ascetas contorcia-se no circo louvando Orfeu o Todo-Terreno e comendo requeijão com bife de porco (um ciclista malabarista despenhara-se: agora era apenas mais um pombo laranja cujo voo apodrecera; a morte é assim tão vertical).
A multidão mudara com o tempo e mudara o tempo com a multidão - cumpria-se a vontade: as vacas tinham que se sacrificar numa bacia de vinho (os equinócios aproximavam-se como comboios desvairados) enquanto adolescentes cortavam os testículos e os ofereciam à estrela da tarde (outra contorsionista que ousava povoar o além antes do Aléa).
A burocracia com espargos - era este o curioso título de uma fórmula que Hermes bem contrariava (ser tremendamente simiesco, repousar no estômago de um elefante, ser hipnotizado pelo corpo fulgurante de uma Boá). Essa fórmula confrontava-se, direi mesmo, degladiava-se, com os epitáfios em guerra de capoeira. Toda a santa tarde um sangue espesso e sujo cantava: chamavam-lhe a guerra.
Porém, entre os animais é o caranguejo o mais enigmático: aproxima-se dos jogos dionisíacos. Num terraço de papoilas e jasmim entre insectos mortíferos. Ele é um adivinho: aderindo intuitivamente ao eterno retorno (o desejado entre os desejados - a orla vã e o mar desfeito). Uma espécie de Deus Surdo.
Jogou os seus trunfos: fanática distração! Brilhou - esplendor de verde. Desejo separa espaço.
Pus-me a segurar-lhe as tetas com vontade. Delas saía um cheiro áspero e maternal. A pátria morria no estrume. O verão era. O crânio tremia como gelatina. Finalmente a guerra era crucial e o pensamento crucificante.
Que dizer mais: arf! Arf!
(a contradição de sermos entre o totem e o dólar)
- este texto é dedicado aos avestruzes dos países subdesenvolvidos e às vacas da Etiópia (camaradas de todo o mundo: uni-vos!)
(W)
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E firmei as hecatombes atómicas do sexo, sistematizando acção, escrevendo figuras musicais em paredes de merda, perdendo-me em labirintos de génio e piscinas de fogo…
A fantasia é a honestidade.
Espelhos do excesso olhai o meu pudor (a flor de ouro, a pequena casa cujo fumo é Icaro desintegrando-se: o labirinto secante ao plano perpendicular ao sopé da montanha, isto é, o plano tangente).
A propulsão da digestão. Carne de estearina. A inteligência silente das pedras!
Xa (drez) Ma (ta) Nis (to) Mo (rto).
Ele tinha o hábito de ser espetacular!
E a mãe esquartejara-o num domingo de Ascensão qual barata acossada.
Cigarros e livros. Ôquidão. Tragédia. Âmbar. Balzac. Patjoli. Buda. S. Martinho do Porto. Apocalypse Now. Papel. Adeus. Saudades. (eu era telegráfico como um panfleto de turismo italiano, jogava ao pião com a imaginação em Verona e sonhava vir a ser um bonito oficial turco com um cavalo negro - tudo seria reduzido a um quartel - ou a um poema sírio do século XI d.c. / tinha preferências politicas; amava os terroristas e os charutos; mas acabei por casar e fui morar para a provincia com uma rapariga ruiva)
O perfil colocava-se entre as narinas de Satã e os navios rúnicos da traição. Atravessava lençóis em cardumes de esperma e cheirava azul.
c) proclamava a necessidade da energia diplomática e véus de óleo sobre o perfil (os atacadores estavam sempre desapertados, o chulé transpunha largamente as botas).
Açafrão indiano sobre o perfil - oh, tenho uma eternidade de malaguetas para viver/ mas não temo a cegueira da habilidade porque bebo convictamente / e beber na convicção é tudo - e o perfil era a mãe do perfil e o pai do perfil. E o pai do perfil era neto do perfil.
Ferir noivas à meia-noite. Trovoadas sintácticas - e o húmus das virgens (ó Virgem entre as virgens). E o perfil revolucionava-se (podes crer!) libertino (ya!) mas destinava-se (ouve lá) a Salomé (podes crer!).
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