Estendido sobre a minha toalha
No meio do extenso areal
Onde todos se deleitam com o calor enviado pelo sol
Uns de pele mais clara, outros de pele mais morena
O aroma dos protectores solares paira no ar
As gargalhas, os pulos de crianças a brincar
Ao longe, quase a perder de vista, uma traineira
Gaivotas, parecendo fazer escolta.
A água do mar está serena e de temperatura agradável
Como é bom aqui estar, poder sentir e observar
A minha mente já está a começar a navegar
Em encontro do mundo que ninguém vê
A pensar naquilo que te faz infeliz
Os dissabores, as tristezas, o mundo…
As sombras da minha vida
Mas nunca me irão deixar viver em paz?
Ando farto da vossa companhia
Ainda por cima, ninguém vos convidou…
Sinto-me tão infeliz…
Desejo tudo e nada tenho
Ou melhor, o que ambiciono ter
Centenas são as pessoas que me rodeiam
Será que pensam ou têm os mesmos problemas que eu?
Os seus rostos mostram satisfação e alegria
Ou usam as mesmas máscaras que eu?
Somos todos iguais…
Cada um com o seu(s) problema(s)
Uns têm tudo, são tristes
Outros nada têm, tristes são.
Aqui somos todos iguais
Não havendo diferenças de classes sociais
Deitamo-nos todos na mesma areia
Vamos a banhos à mesma água
Bronzeamo-nos com o mesmo sol.
Mas não conhecemos ninguém
Cruzam-se olhares
Conversas soltas surgem
Ao lado de estranhos nos deitamos
A praia é milagreira
Tornando-a na verdadeira essência humana
Natureza e seres vivos juntos num só
Mas, quando voltamos ao nosso pequeno mundo
Nos esquecemos destes momentos
Sem classes sociais, nem preconceitos
Uns mais vestidos, outros semi-nus ou quase nus
E assim na sombra da praia
Descrevo o que vejo e o que penso
O que todos sabem, mas não fazem lema de vida… |