Na minha sala
Sento-mo no sofá do costume
Na rua, está um calor abrasador
Ligo a televisão
Faço um zapping
Paro num canal de notícias
Que caótico que o meu país está
Pessoas a correr, a gritar
Temperaturas altas
Uma vida desaparecendo sob os seus olhos
O seu sustento
O seu gado
O sol de verão
Encoberto, parecendo que irá chover
O diabo desceu à terra
Homens de Deus acorrem ao que podem
Fazendo frente contra o inimigo
Mas é impossível
Ele é mais forte que eles
O meu e nosso país
Que outros classificam de bonito
Com bastante luz solar
Está a tornar-se negro e cinzento
Todos os anos o mesmo inferno
Qualquer dia não temos ar puro
Alguém tem de tomar medidas
Os governantes estão de férias
A água não abunda
Seca extrema
Será que estamos perto do fim do mundo?
Por este andamento deve estar perto
Mais uma vez a culpa é do Homem
Ou pagos para o fazerem
Ou por um descuido
Ou por falta de limpeza
Ou por sermos pouco civilizados
Mente antiquada a nossa
Quando vou a conduzir
Por essas estradas fora
Observo as matas
Só lixo avisto
Papéis, garrafas, latas, cadeiras…
Objectos não identificados voam pela janela
Às vezes sinto-me triste por ser português
Só impondo regras e coimas
É que abram os olhos
Não têm brio pessoal
Depois vêm chorar para a tv
Que tudo está a arder.
Que já não sabem o que fazer.
A reestruturação tem de começar por baixo
E não por cima.
Tal como uma casa…
Assim deveria ser o nosso país… |