Chove. Há dias em que o poema
nos atraiçoa.
Só encontramos
picadelas de moscas aqui e ali.
O peito inchasse, submerso,
na dureza da mão. O ritmo
terso e másculo dorme,
algures, debaixo do musgo.
Um silvo de seixos arrasa-nos
os tímpanos: é como se fossemos
um carro de bois enterrado
na lama, ou um jarro quebrado.
De nada nos valem as ferramentas,
nem a destreza da arquitectura
- só nos resta esperar, esperar até
que a maré cheia volte de novo |