2
O céu está escuro.
Os campos foram destruídos durante a batalha da noite.
Cubro o meu rosto com o véu do seu nome.
3
É Primavera, Amor.
O meu coração nasceu no teu, em flor.
4
Amor, aceita este meu horto de sangue.
Plantei-o com romãzeiras e o alaúde da minha língua.
[...]
10
Nos lagos
do sol venho contemplar o teu rosto
Entrego às
folhas da noite o cume do teu esplendor.
11
Leio no céu
relâmpagos.
Procuro o
teu caminho em plena lua cheia
Como um
cântaro de sol que no deserto derrama linho e mel.
12
As aves
fizeram ninho na tua boca.
Não faço
nada sem ti.
13
Adormeceste
em meus braços nus.
Abrasei-me numa romãzeira.
14
Volta,
Amada, não suporto mais a solidão das águas.
Um demente
espia o meu coração.
15
Da tua solidão ficou um círculo de sombras
Um talismã que uso em meu cabelo branco.
[...]
33
Amada, levaste-me a beijar a boca de Deus.
E fiquei louco.
34
Um diamante aflora às joias do firmamento.
É a minha Amada nos braços fulminantes da noite.
35
Uma pomba atirou-nos para longe.
Separou-nos para nos fazer estrangeiros.
36
Sem ti sou humilhado todas as noites.
37
Estou cada vez mais louco.
Vi na tua boca uma estrela de seis pontas.
Ardia num fruto da romãzeira.
E tu vinhas de noite ao meu encontro.
38
Beijar-te-ei junto aos frutos da neve
Com ramos de fogo e lábios de alaúde.
[...]
50
Como um relâmpago de noite fui estudar o céu.
Vi -a regar com fogo uma romãzeira .
E fui
beijá-la ao meu refúgio.
51
O pó do deserto alimentou mil romãs.
Passei esta Porta com mil rubis nos olhos.
Deixo aqui sinais da minha Amada. |