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Vivemos em um era onde a informação e a tecnologia, andam de braços
dados e a passos largos, buscando a cada dia, “facilitar” a vida de
milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. A pergunta que fica, é:
facilitar a vida em que e para que? Para respondermos essa pergunta,
é preciso, antes fazermos algumas reflexões. A primeira análise é de
caráter ontológico. O ato de viver e existir é primordial, vem antes
de qualquer outra ação, é através desse primeiro ato, que começamos
uma longa jornada chamada vida. É através desta jornada que
praticamos todas as ações possíveis, e a única ação que não se
esgota nessa caminhada, é o aprendizado, como diz a sabedoria
popular: “é
vivendo e aprendendo”. Quando paramos e pensamos,
estamos colocando em prática a ação mental, logo, estamos produzindo
aprendizado também.
O
grande perigo de todos esses avanços tecnológicos, é acabar
sufocando a ação de aprendizado do ser humano. Quanto mais se
investe em tecnologia e informação, mais as pessoas vão tender a
ficar paralisadas na frente de uma televisão ou computador,
totalmente automatizadas, respondendo apenas aos estímulos visuais e
auditivos dispensados pelo aparelho transmissor. A corrida
desenfreada para acompanhar as inovações tecnológicas, também
contribuem muito para o afastamento do aprendizado e raciocínio
humanos. Uma criança dos dias de hoje, nasce e já tem o primeiro
contato com a tela da televisão, já um pouquinho maior, está
ganhando intimidade com a tela do monitor e daí em diante, mais da
metade de sua vida será focada naquele mundo virtual, onde a única
coisa que não é permitida, é que você pense e faça reflexões, o
resto, é só perguntar o que você deseja, e imediatamente, como uma
consulta a um oráculo, vem a resposta, aliás, as vezes milhares de
possobilidades. Essa seria a primeira análise sobre a questão da
atrofia do pensamento e do aprendizado ao longo da vida.
Uma
outra questão está relacionada ao aspecto comportamental. Com todo
esse avanço tecnológico, o ser humano está ficando cada vez mais
solitário, vivendo mais tempo isolado do que em companhia. A
tendência é acabar o bate papo nas filas, os encontros nos shoppings
e nas feiras, as tardes nos cafés etc. Todas essas coisas faziam
parte do contexto vivencial coletivo do homem, dando-lhes a
oportunidade de interagir, trocar experiências e até transmitir seus
sentimentos, coisa que hoje é superada pela rede virtual.
O
ato de viver deve em primeiro lugar, celebrar o que lhe é concedido
de mais precioso, a própria vida e sua condição existencial, como
dizia o filósofo Sócrates:“Sábio
é aquele que conhece os limites da própria ignorância”,
ou seja, quando tomamos conhecimento de que nunca saberemos o
suficiente, então passamos a entender o objetivo da jornada chamada
vida. Vivemos num processo contínuo de aprendizado, onde as verdades
não se encontram no objetivo, e sim no caminho por que é percorrido,
independente do tempo que nos é permitido viver.
Quando reduzimos a velocidade e o estresse do dia a dia, passamos a
observar todas as coisas ao nosso redor com mais detalhes, se
pararmos mais um pouco, passamos a refletir e questionar sobre essas
mesmas coisas, logo chegaremos num ponto de compreensão mais amplo
dessas mesmas coisas.
Não
pretendo com essa linha de raciocínio, retroceder a um estágio
primitivo das coisas, pois também acho que a evolução é fundamental
e necessária, apenas alerto para a o perigo de uma total dependência
desta evolução para viver. O ser humano foi feito para governar e
manter todas as coisas, e não para se tornar escravo delas. Hoje em
dia, muitas pessoas não sabem mais fazer uma operação matemática sem
o uso da calculadora, porém, a calculadora é muito importante a
partir do momento em que ela vier a falhar, você saber resolver a
operação.
Estamos num processo de constante aprendizado, em tempo e fora de
tempo, em todas as ocasiões de nossa vida, estamos tirando alguma
lição a todo instante. O mais importante desse aprendizado, ao longo
da jornada chamada vida, são os frutos do conhecimento, esses que
nos transformam a cada dia, nos tornando mais sensíveis,
conscientes, solidários e humanos. Por final, o somatório de todas
essas informações, só terá um único objetivo durante a vida, a
prática do amor verdadeiro, aquele que está apto e preparado para
acolher, consolar, instruir e animar a todos que estiverem cansados,
abatidos e desiludidos. Viva de forma intensa, aprendendo e
ensinando, sempre com entusiasmo e boa vontade, pois só temos essa
oportunidade aqui nessa vida. |