Aquele ambiente da casa, claustrofóbico, insuportável, caía-lhe em cima, tresloucado, quase fatal.
“Volto já” dizia, sem mais explicações. Pegava no carro e partia sem rumo.
Logo recordava os tempos de escola, o círculo de estudos, onde passeavam segredos como ponteiros de um relógio.
O título da lista era: “Remédio para momentos de raiva”. Os nomes eram escritos em filas, que engrossavam à medida que passavam por cada uma das raparigas. Havia-os para todos os gostos, da pimenta à malagueta, do ácido ao corrosivo. Um verdadeiro manual de sobrevivência, para quem precisava continuar vivo.
Gritava-os um a um de encontro aos vidros, num rosário de língua afiada, numa tabuada sem resultado palpável, a não ser aquela sensação de alívio, que a levava a regressar a casa a tempo de preparar o jantar. |