SONETO
Ordeno que vos caleis no peito,
Emudecei todo o vosso querer,
Sereis o velho sino que a seu jeito,
Espera paciente alguém morrer.
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Vosso porto são, almas decepadas,
Rastejantes seres de ouro e altar,
Onde o sol escondido nas flores fechadas,
Quer ser trovador sem poder cantar.
Quando enfim quebrado for o desencanto,
E de potros verdes se pintar o chão,
Cânticos de júbilo romperão do pranto,
Finda o nevoeiro, as cinzas e os nós,
Uma nova força floresce na mão,
Palavras, proclamo, sereis nossa voz! |