NAZISMO E SUBVERSÃO DO DIREITO HUMANO Henrique Doria |
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O nazismo como nova religião |
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Racismo e anti-semitismo |
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Na origem do nazismo estiveram, lado a lado, o anti-semitismo muito em voga por toda a Europa no final do século XIX, princípio do século XX, e a crença na superioridade racial alemã. Nas palavras de Rosenberg, “o espírito fala a partir da raça.”
Não foi difícil implantar esta crença: na Alemanha dos anos 20 Hitler e o seu grupo eram dos poucos que acreditavam. Os operários já não acreditavam no triunfo do socialismo, afogada que foi em sangue a tentativa de revolução espartaquista. Os capitalistas já não acreditavam no seu futuro, esmagados por uma crise, e com o triunfo do comunismo na Rússia. Num povo de tradições militaristas, ninguém acreditava nos militares, esmagados na Primeira Guerra Mundial. Um grande número de intelectuais não acreditava em nada, como o provam as pinturas de Otto Dix e George Grosz, o teatro do absurdo, a música de Kurt Veil. A pequena burguesia estava também esmagada e humilhada. Hitler oferecia-lhes uma nova e antiga crença: os alemães deviam acreditar em si próprios, no seu passado e no seu futuro. Hitler disse-lhes: os alemães têm uma raça. Os alemães têm uma história. É na sua raça e na sua história que está o futuro da Alemanha. Um futuro glorioso, porque a raça alemã é uma raça superior. O anti-semitismo tem uma longa história. Uma história com inúmeras motivações religiosas, culturais e económicas. Em primeiro lugar a crença espalhada pelos evangelhos de que foram os judeus que mataram Cristo.Os Cristãos, desde que alcançaram o poder com Constantino, começaram a perseguição milenar aos judeus. Mas também razões culturais estão na origem dessa perseguição. Os judeus tinham uma cultura à parte dos outros povos, e sempre foram impermeáveis à sua assimilação por outras culturas. Por outro lado foram, durante séculos, os detentores do saber, o que os tornava suspeitos de magia e poderes ocultos que outros queriam obter. Pelo seu saber, pelo seu trabalho, pela sua solidariedade de grupo, os judeus sempre detiveram grande poder económico. E esse poder económico sempre foi objecto de cobiça, utilizando-se para a sua rapina todas as justificações. Expulsos de Viena em 1491, os judeus que tinham regressado à Áustria e nela viviam como relativa calma, foram novamente expulsos em 1699, quando a peste grassava em Viena. Então, Abraham a Santa Clara, um monge agostinho nascido no sul da Alemanha e que viveu entre 1644 e 1709, orador brilhante e autor prolífico, culpava-os da peste que tinha grassado na Alemanha no final do século XVIII, e escrevia: E sentenciava: “Este maldito facínora tem de ser perseguido por toda a parte onde for…à excepção de Satanás, os homens não têm maior inimigo do que o judeu…Pelas suas crenças, eles merecem não apenas a forca, mas também a fogueira.” No ano de 1901, o grupo político social-cristão com assento no parlamento vienense, chefiado por Lueger, Presidente da Câmara de Viena, propunha conceder uma recompensa a todos os que matassem pássaros, e outra recompensa suplementar a todos os que matassem judeus. Em 1910, é inaugurado na aldeia suábia de Kreenheistetten um monumento a Abraham a Santa Clara. Nessa cerimónia estava presente um jovem chamado Adolfo Hitler. Hitler racionalizava, no entanto, o seu ódio aos judeus. Os judeus, ao contrário dos alemães, eram um povo sem terra. E só assentando as suas raízes na terra as raças podem crescer em número e valor, dizia. A raça alemã, que desde tempos imemoriais estava implantada naquela terra, era, por isso, uma raça superior. A raça inferior dos judeus era caracterizada por uma inferior capacidade craniana e por um nariz adunco. Sabemos bem que, como disse Lévi-Strauss, “…que os grandes grupos étnicos que compõem a humanidade trouxeram, enquanto tais, contribuições específicas para o património comum.” Sabemos que a repulsa do outro é uma atitude natural de auto-defesa. HERBERT SPENCER, de quem Hitler herdara algumas ideias afirmara: “As pernas dos papuas, que têm frequentemente os braços e o corpo mais desenvolvidos, são muito curtas, lembrando os quadrúmanos…Nos europeus, pelo contrário, é muito visível o comprimento e a robustez das pernas…”. Nos dias de hoje, porém, certos antropólogos ( v.g. JARED DIAMOND in GERMES, ARMAS E AÇO), vão mesmo ao ponto de afirmar que o coeficiente médio de inteligência dos papuas é superior ao dos ocidentais, que as crianças papuas são mais inteligentes que as ocidentais. |
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