Até agora todas as extinções eram ocasonadas
pelas forças do próprio universo e da Terra a exemplo da queda
de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. A sétima está
sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele,
uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de
nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a
extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em
entrevista recente no Enlighten Next Magazin, n.19. Os dados são
estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford
calcula em 250.000 espécies exerminadas por ano, enquanto Edward
O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27.000 e
1000.000espécies por ano (R Barbault, Ecologia geral 2011,
p.318).
O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da
Georgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais
empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem
revertido em três milhões de anos o processo da evolução. O pior
é que não nos damos conta desta prática devastadora nem
estamospreparados para avaliar o que significa uma extinção em
massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases
ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso
ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie.
Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu:”Nossas
tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo
com o genocídio mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio”(Our
Way into the Future, 1990 p.104).
Podemos desacelerar a sétima extinção em
massa já que somos seus principais causadores? Podemos e
devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de
nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa
responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita
tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas
ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores
de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.
O primeiro que importa fazer é renovar o
pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o
que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado
e o respeito pelos limites daTerra. Mas, ingratos, lhe
devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticasecocidas e
biocidas.
O segundo é reforçar a reciprocidade ou a
mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos emsintonia
com os dinamismos dos ecosistemas, usando-os racionalmente,
devolvendo-lhe a vitalidade e garantindo-lhe sustentabilidade.
Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se
preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a
comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que
competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e
reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.
O terceiro é viver a compaixão não só entre
os humanos mas para com todos os seres, compaixão como forma de
amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão
continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer.
Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça
a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que
preserva e prolonga a vida. No meio do antropoceno, urge
inaugurar a era ecozóica que coloca o ecológico no centro. Só
assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a
continuidade de nosso planeta vivo.