MARIA ESTELA GUEDES
A poesia na óptica da Óptica
Carlos de Oliveira, o microscopista
Musgo

Dir-se-á mais tarde;
por trémulos sinais de luz
no ocaso mais obscuro;
se os templos contemplando
estes currais sem gado
ruíram de pobreza.

Dir-se-á depois
por púlpitos postos em silêncio;
peso também a decompor-se
no mesmo pouco som;
se desaba o desenho
da nave antes de fermentar
a cor da sua pedra,
como fermentam leite e lã
de ovelhas mais salinas.

Dir-se-á por fim
que nenhum tempo se demora
na rosácea intacta;
e talvez
que só o musgo dá;
em seu discurso esquivo
de água e indiferença;
alguma ideia disto.


Carlos de Oliveira, Pastoral

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