A peça dramático-musical Cabaré de Ofélia (com estreia cénica prevista para Novembro de 2007, num outro Salão Nobre, o do Teatro Garcia de Resende, em Évora) leva-nos de novo ao espaço cabarético do Odre Marítimo, apresentado por Daisy Mason, uma drag-queen de York, amiga de Álvaro de Campos, a quem este dedicou o seu Soneto Já Antigo. Daisy acolhe hoje no seu show as personagens da mulata Cecília/Cecily (sua filha adoptiva, nascida no Rio de Janeiro) e de Ofélia Queiroz. Ofélia é movida pela vontade de experimentar outros papéis para além do seu, de namorada vitalícia de Fernando Pessoa. Apetece-lhe recriar a escandalosa poetisa modernista Judith Teixeira (Viseu, 1873 - Lisboa, 1959), por quem sente saudades.
Nesta comunicação, quero partilhar algumas reflexões que emergem deste gesto de reinventar na cena uma personalidade feminina marginal(izada), quase esquecida, contemporânea de Orpheu. E quem sabe as luzes do palco incidirão sobre ela com mais intensidade do que as breves linhas que alguns dicionários de literatura hoje lhe consagram? |