(1) Antes do estudo de Garay, que contém inclusive traduções em inglês e em castelhano de poemas e prosa de Judith, importa sublinhar dois momentos relevantes de reapreciação valorativa do contributo literário de Judith Teixeira: o artigo de António Manuel Couto Viana, de 1977 (em Coração Arquivista, Lisboa: Verbo) onde, apesar do trigo e do joio misturados dos seus versos, Couto Viana considera-a a «única poetisa modernista» contemporânea de Orpheu; um segundo momento, este de reposição editorial, consiste na edição, em 1996 (Lisboa, &Etc), por Maria Jorge e Luís Manuel Gaspar, de um volume de antologia poética da autora, que reúne poemas dos livros Decadência (1922), Castelo de Sombras (1923), Nua – Poemas de Bizâncio (1926) e, ainda, do texto da Conferência de Mim, que Judith fez imprimir em 1926. Judith Teixeira tem tido entretanto presença na blogosfera graças ao viseense Martim de Gouveia e Sousa (autor de uma dissertação académica inédita sobre a autora, de que Garay dá testemunho, defendida na Universidade de Aveiro em 2001) que, desde 2005, posta textos, comentários, imagens e referências esparsas sobre Judith num blog seu intitulado Europa – Revista de Estudos Judithianos. O nome Europa remete para o magazine mensal homónimo que Judith Teixeira dirigiu em Lisboa e do qual editou três números, em 1925; num deles, sintomaticamente, ela publicou versos de Florbela Espanca, atestando um contacto existente entre ambas as poetisas, do qual extraio consequências teatrais na ficção cénica de Cabaré de Ofélia.
(2) GARAY, René Pedro, Judith Teixeira – O Modernismo Sáfico Português, Lisboa, Universitária Editora, 2002, p. 70.
(3) VASQUES, Eugénia, Mulheres que Escreveram Teatro no Século XX em Portugal, Lisboa: Colibri, 2001, p. 90.