Nesse mesmo dia relatei a Conselho e a Ned Land minha conversa com o capitão. Ao dizer-lhes que dentro de dois dias sulcaríamos as águas do Mediterrâneo, Conselho ficou satisfeito, enquanto o canadense permaneceu impassível.
- Um túnel submarino - disse ele. - Uma comunicação entre dois mares! - Quem pode acreditar nisso?
- Amigo Ned - objetou Conselho - , o senhor já havia ouvido falar no Nautilus? Não! E, todavia, ele existe. Não se faça de surdo, pois, e não negue os fatos alegando que não ouviu falar nada a respeito.
- Iremos ver! - retrucou Ned Land, abanando a cabeça. - Desejo convencer-me apenas da existência dessa passagem, e queira Deus que o capitão nos conduza, realmente, ao Mediterrâneo.
À tarde, o Nautilus, flutuando na superfície, aproximou-se da costa árabe. Pude divisar Djeddah e distinguir, com muita precisão, o conjunto de suas habitações, os navios presos aos molhes, e outros que, em virtude de seu grande calado, eram obrigados a fundear ao largo.
Logo desapareceu Djeddah nas sombras do crepúsculo e o submarino submergiu.
No dia seguinte surgiram vários navios em direção contrária à nossa. O Nautilus continuou sua navegação submarina; porém, ao meio-dia, no momento de se provar, o mar estava deserto e o navio subiu até a superfície.
A velocidade do Nautilus era moderada. Ia "fazendo hora", por assim dizer. Por volta das cinco da tarde, deixamos ao norte o cabo de Ras-Mohamed, que forma a parte extrema da Arábia Pétrea.
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