ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA
Guerras do Alecrim e da Manjerona

Cena II
(Entra Semicúpio com um malmequer)

Semicúpio: Eis aqui o malmequer: ora vamos a isso; que se há flores que são desengano da vida, esta o será do amor. Sevadilha, toma sentido, vê se fica no bem-me-quer.

Sevadilha: Isto é como uma sorte.

Semicúpio: Queira Deus não se converta o malmequer em azar. Tem sentido.

Sevadilha: Amor,se sai a coisa como eu quero, eu te prometo um arco de pipa, e uma venda nos Remolares em que ganhes muito dinheiro.

Canta Semicúpio a seguinte

Ária

Oráculo de amor

Propício me responde

Nas ânsias deste ardor

Bem me queres, mal me queres

Bem me queres, disse a flor.

Ai de mim, que me quer mal

Teu ingrato malmequer1

Acabou-se o meu cuidado,

Que mais tenho que esperara?

Vou-me agora regalar,

Levar boa vida, comer, e beber.

Guerras do Alecrim e da Manjerona
 
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