...........RAÇA OU VARIEDADE É FRUTO DA VONTADE DO HOMEM Os homens do Norte são os irmãos Tait, de uma abastada família inglesa. Wilhelm ou Guilherme Tait assina uma obra clássica de ornitologia, The Birds of Portugal, para além de outras, certamente clássicas também, sobre o vinho do Porto. Havia uma empresa de navegação com o nome Tait - o navio a vapor, tal como os caminhos de ferro e o cabo submarino vieram revolucionar o comércio, os transportes e as comunicações. O irmão, Alfred Welby Tait, nascido no Porto em 1847, era botânico. Este súbdito britânico, comendador da Ordem de Santiago, recebeu de D. Carlos o título de Barão de Soutelinho. A principal chave das espécies críticas do Gerês deve-se por certo a ele, que ali tinha casa. No Porto há ainda os Newton, cuja acção é decisiva no envio para Lisboa de exemplares de algures dados como de outra parte. Isaac, o pai, estudou em Inglaterra. Botânico de mérito, estudou em especial as critogâmicas. Foi o único português a colaborar na Phycotheca Universalis, de Hanck & Richter, que outros escrevem Hauck. Estes homens pertenceram a uma geração de naturalistas não muito especializados, eles sabiam de tudo. A especialização ainda só se esboça entre os Três Reinos, a distinguir geólogos, botânicos e zoólogos. Não existiam herpetologistas, ictiologistas, entomólogos exclusivos, e menos ainda entomólogos especializados em só uma família de insectos, herpetologistas especializados em só uma área geográfica - Madeira, v.g.. O zoólogo tanto sabia de insectos como de mamíferos, e se tinha de estudar os mamíferos de Ceilão, apesar de viver em Portugal, estudava-os. Ao longo da história da Chioglossa nota-se que um dos fios de ironia consiste em precisar qual a disciplina principal de cada um, pois herpetologistas quase não existem. Como quem diz - somos nós, botânicos e ornitólogos, que temos de fazer o trabalho que competia aos especialistas de répteis e anfíbios. Francisco Newton é um naturalista-explorador. Aos dezasseis anos, dizem que ele disse que partiu para Angola a acompanhar célebres caçadores e expedicionários. Tinha vinte e um quando foi nomeado delegado científico do Museu de Lisboa nas colónias. Explorou-as várias vezes, e além das nossas a Guiné Espanhola - S. Tomé, Príncipe, Ano Bom, Elobey, Fernando Pó, Daomé, Guiné Portuguesa, Timor, Macau, Cabo Verde e de novo Angola e Guiné. Só parece ter-lhe faltado Moçambique e a Índia. A acção deste homem, que se chamava Francisco Xavier, terá sido missionária, mas nem um pouco santa. Pelo contrário, é claramente terrorista. Como a causa é boa e a acção tem graça, não criticamos. Um exemplo. Newton ofereceu uma suposta colecção etnográfica do Daomé ao Museu do Ateneu Comercial do Porto, em que figuram braceletes dos papus da Guiné Portuguesa e manilhas dos bubis do Daomé. Os papus ou papuas são da Nova Guiné, que fica para as bandas das Filipinas, Timor e Bornéu, e os bubis são os indígenas de Fernando Pó. No Relatorio do Ateneu de 1892, transcreve-se a apresentação - altamente elogiosa - da conferência de Newton no Ateneu acerca do comércio, flora e fauna do Daomé, texto esse que teria sido publicado no Commercio do Porto a 30 de Maio. O 30 de Maio de 1892 caiu a uma segunda-feira, dia em que não se publicava o Commercio do Porto. Commercio do Porto este que a 31 noticiava o atribulado casamento de Julieta Rotschild com o barão Manoel Leonino, na sinagoga da rua Victoria, remetendo o leitor para o mesmo assunto, já tratado hontem. O matrimónio fora apupado, houve quem tivesse lançado bolinhas de assa-fétida para o colo da noiva, quando ia na carruagem, e o marquês de Morés, conhecido em Paris pelas ideias anarquistas, foi até convidado pela Polícia a retirar da rua Victoria. A cerimónia saldou-se em quatro prisões. Tudo isto bateria certo se não fosse uma conspiração igual à da Chioglossa. Porque, de um lado, não parece existir nenhum barão Manoel Leonino; não figurando este Romeu nas habituais fontes de consulta, para Julieta optámos pela de Shakespeare; de outro lado, hontem, dia 30, o Commercio do Porto não se publicou. Há um Rotschild, do Museu de Tring (British Museum), contacto de Francisco Newton, envolvido na questão das espécies críticas de Cabo Verde, razão pela qual a notícia deste enlace nos despertou o interesse, tanto mais que os Newton (origem judaica) pertencem à família do Visconde de Samodães (director do Palácio de Cristal), vinculado à maçonaria católica. O Rotschild banqueiro foi acusado de apoiar a causa republicana, ao não nos conceder empréstimos. Que aconteceu afinal nesta extraordinária semana de Maio de 1892, na sequência do Ultimato e do 31 de Janeiro? O ministério caiu a 27, às três e meia da tarde; o facto foi oficialmente comunicado a 28, e nesse mesmo dia outro ministério levantou-se, o que devia estar relacionado com a aliança entre a Julieta judia e o Romeu católico na rua da Vitória. O Commercio do Porto de 29 informa que Barbosa du Bocage fora muito cumprimentado, por ter sido nomeado Conselheiro de Estado. Tinha sido ministro dos Estrangeiros em governo anterior, que pode não ter sido o imediatamente anterior. Foi às dez e meia da noite de 28 que o novo ministério apresentou cumprimentos a Sua Majestade. Tanta celeridade leva a pensar que houve mais do que umas horas para premeditar o ocaso e o levante, e que tal não seria possível sem essa maravilhosa invenção da grande velocidade. Foi do comboio que o governo desembarcou em bloco. Outras notícias deste interessante jornal são as publicitárias: várias empresas anunciam a chegada de navios carregados de carvão, provenientes talvez da África do Sul. Carvão Newcastle e Cardiff, grosso e miúdo, pronto a usar pelos carbonários. Comércio do Porto, Ateneu Comercial, conferência de Newton sobre o comércio no Daomé - onde há comércio há dinheiro, tudo faz parte da mesma conspiração republicana, e Newton teve papel nela. Sim, porque o Commercio do Porto, a 28, deu, e em primeira página, a notícia da sua conferência no dia 30: Assumptos coloniaes - O nosso presado amigo e distincto explorador da flora e fauna na Africa, Snr. Francisco Newton, realisa depois de amanhã, no Atheneu Commercial, uma conferencia sobre assumptos coloniaes. O Relatorio do Ateneu diz que a conferência foi a 29, o que só prova que Newton não veio de propósito de S. Tomé por causa da palestra sobre o inexistente comércio no Benim. O comércio com o Daomé, origem provável do estabelecimento do nosso efémero protectorado (1886-1887), consistiu no que Pinheiro Chagas (10) considera um acto humanitário: no Daomé faziam-se sacrifícios humanos, porque não havia com que alimentar os presos (e os nossos próprios soldados ali morriam à fome), mas os condenados podiam ser resgatados. Então o governo português comprava-os para fornecer mão-de-obra a S. Tomé. Newton explorou o Daomé quando foi nosso protectorado, estivera em Ajudá em Janeiro de 1892. Já quase a implantar-se a República, a imprensa estrangeira provocará um escândalo, ao denunciar que Portugal mantinha a escravatura nas plantações de cacau em S. Tomé (11). Quando nos remetem para o Commercio do Porto, com o pretexto de certo artigo ali publicado, o que temos encontrado, em vez do tal artigo, são notícias relativas à escravatura. Vê-se mal de que outro comércio pudesse Newton vir falar ao Ateneu, e compreende-se assim que a colecção etnográfica do Daomé seja um sarcasmo científico sob a privilegiada forma de manilhas - manilhas eram as algemas com que se manietavam os escravos. Mas nesta época, e mesmo mais tarde, portugueses que denunciassem a existência de escravatura nas colónias eram apodados de traidores. Newton não podia falar de tal assunto em assembleia de entrada livre, o 30 é código. A reunião está a ser marcada para outro dia e lugar, tal como a notícia do casamento na sinagoga se refere a qualquer invasão de choça por parte da Polícia. Em espaço de censura ou subversão, o discurso é simbólico. Estão a passar mensagens selectivas de leitores, só decifra o código quem possui a chave dele. Outra personagem nortenha é Augusto Nobre, irmão do poeta do Só e amigo de Sampaio Bruno. Esse republicano Sampaio Bruno, preso aquando da revolução do 31 de Janeiro, que, meses apenas a seguir à República, já fazia constar nos jornais que se retirava para sempre da política, completamente enojado. Nobre está sobretudo ligado aos peixes e invertebrados. Fundou o Museu da Academia Politécnica, foi ministro da Instrução Pública e reitor da Universidade do Porto. Quanto a Eduardo Sequeira, além de herpetologista e botânico, era jornalista bem conhecido. Publicou um manual do naturalista (12) muito instrutivo, por revelar os tipos mais vulgares de falsificação de exemplares, vendidos pelas casas comerciais especializadas no ramo. As tartarugas, por exemplo, acontecia montarem-nas com as patas de uma espécie e a carapaça de outra. Às aves, pintavam-lhes as penas, e foi assim que Sequeira ia sendo burlado com um vulgaríssimo galo talvez de Barcelos, que lhe queriam impingir como espécie nova. O Museu de Lisboa comprava material a estas casas, que nem sempre seriam de confiança. No CGRA (nº 125) vemos uma etiqueta que não deixa de ser pitoresca, revelando terem sido adquiridos a Mr. Hinckel exemplares de répteis ou anfíbios com currículo próprio de espécies da Macarronésia: Com a indicação em francez de terem sido compradas a um chinez comerciante do Japão e pertendendo que de lá eram. Ao Centro apresentam-se Adolfo Frederico Moller (inspector do Jardim Botânico de Coimbra), Manuel Paulino de Oliveira (director do Museu Zoológico de Coimbra), cuja obra incide sobretudo nos insectos, Antero Frederico de Seabra (dos nossos biólogos com maior reconhecimento no estrangeiro, trabalhara na Escola Politécnica de Lisboa e depois transitou para Coimbra) e José Maria Rosa de Carvalho. Advogado que quase nada advogou, pois preferia bichanar, Rosa intitulava-se Bicheiro-mor do Reino. As cartas que escreve a Bocage são um encanto de literatura, pela ingenuidade que consegue transmitir. É um sedutor. Rosa e Francisco Newton assemelham-se muito para nós, que os conhecemos da correspondência privada com Bocage, ao actuarem ambos como terroristas - digamos que a tempo inteiro. As personalidades são no entanto muito diferentes. Newton é subtil, seco, telegráfico. As suas cartas são excessivamente protocolares, ele é excessivamente protocolar ao subscrever-se De V.Exª attº, vendor servo criado obgmo. Mal se percebe quando ataca, mas quando ataca é a tiro - como quando informa o ex-ministro da Marinha que canoa é uma piroga, como quando ensina ao Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa que a capital de Cabo Verde é a Praia e que Ajudá fica no Daomé, como quando propõe ao zoólogo que estude as doenças tropicais, para isso se comprometendo ele a remeter pelo correio o corpus a investigar - fotografias da doença do sono, papeira, sarna e elefantíase do escroto (13). Rosa é familiar, tagarela, e age às claras. Pressiona fazendo-se esquecido do que já tinha escrito em cartas anteriores, ou enviando mais exemplares, com a desculpa de que os já remetidos se deviam ter estragado. Se Newton ensina o lente, Rosa põe-se na posição de menino da primária, a solicitar magistério e mesmo reguada. Usa a estratégia teatral do Parvo e comporta-se como donzela enamorada, chegando a censurar Bocage por o deixar morrer de saudade, à míngua de notícias. Em princípio, Rosa-de-carvalho, senhor do Espinheiro, existiu. Cremos que sim, parece até que uma vez veio a Lisboa ver o Museu, Bocage conhecia-o. Deve ter existido, mas temos certas desconfianças. Pode José+Maria ser um heterónimo de Manuel Paulino de Oliveira ou de José Maria de Abreu, ministro da Instrução Pública, que Rosa dá como seu duplo e diz pertencer à sua variedade. Maneira de insinuar ideias híbridas - o menino Rosa, seja lá ele quem for, é um magnífico actor. Rosa de Carvalho foi o grande colector de Bocage na região de Coimbra, em especial na sua Quinta do Espinheiro, já que não há rosas sem eles nem ciência sem sobrenaturais coincidências. Tinha outra casa em Celas, onde ele e Paulino de Oliveira, seu amigo mais chegado, também coligiram. Por detrás de Rosa, está Manuel Paulino a picar com a flor. Iam os dois à caça, Paulino de Oliveira tinha boas colecções, não só de insectos como de serpentes, outros répteis, e anfíbios. Além dos trabalhos como entomólogo e herpetologista, também publicou um livro das aves de Portugal (14). Os zoólogos de Coimbra consideram Rosa naturalista amador. No jornal O Conimbricense, de Martins de Carvalho, o seu nome era muito conhecido, por todos os anos ali anunciar a chegada e a partida das andorinhas (15), se bem que nunca tenhamos encontrado tais anúncios no jornal de Joaquim Martins de Carvalho, conhecido carbonário, e como tal desterrado para S. Tomé e Príncipe. Rosa coligiu e mandou o António das Salamandras coligir toda a espécie de animais, em princípio na zona coimbrã. O paúl, que deve corresponder à Reserva Natural do Paúl de Arzila, é das zonas que mais refere. Reunia em casa material que lhe enviavam, era incansável a satisfazer os desejos de Bocage, e para isso uma vez até pediu umas víboras a uma madama que ia veranear para a Serra da Estrela. Vieira (15) diz que Rosa tinha colecções particulares e conhecia bem as aves, os répteis, os anfíbios e as baldas dos musaranhos e outros ratos campestres. Visitavam Rosa todos os naturalistas estrangeiros que iam a Coimbra, para se informarem com ele da fauna da região. Além da suposta descoberta da Chioglossa, o nome de Rosa ficou vinculado ao de uma espécie muito notável de micromamífero que não existe, Arvicola rozianus, na sinonímia de um Microtus de larga distribuição. Qualquer coisa como um rato que se recusou a ser só lusitano, preferindo pertencer à comunidade europeia. Em Lisboa, recebiam e classificavam o que chegava pelo correio, Bocage e, cerca de vinte anos mais tarde, o seu discípulo, Bettencourt Ferreira. Bocage publicou mais de centena e meia de trabalhos sobre vários grupos animais, mas acima de tudo répteis, anfíbios e aves das colónias africanas. É o típico naturalista de gabinete, em contraste com quase todos os colegas, que têm larga experiência de campo. Bettencourt Ferreira é a personagem que nos surge mais desnorteada na história da Chioglossa, porventura vítima da informação e contra-informação. Bocage, a seguir à descrição, nunca mais voltou a falar da salamandra. Antes disso tinha publicado uma lista dos répteis e anfíbios de Portugal, insatisfatória. Passarão décadas até que o Museu de Lisboa volte a ocupar-se da herpetofauna metropolitana, pela mão de um Bettencourt Ferreira cuja inocência não oferece segurança, a menos que esteja a ser mais terrorista ainda que outros, o que nos obrigaria a reinterpretar parte dos factos. (Em Francisco Newton vê-se que é tão terrorista ou mais do que os outros, por isso os factos têm de ser reinterpretados) Os catálogos que vigoram entre os anos setenta e noventa para as espécies portuguesas são de preferência os espanhóis. Esta falta, excessivamente sensível dada a circunstância de Bocage ser zoólogo mundialmente famoso, justifica em parte a pressão exercida por Seoane sobre o Museu de Lisboa para que publique o catálogo de uma remessa europeia que enviara. Mas também é de admitir que Seoane deseje chancela para as espécies novas, as criadas por ele. Seoane nasceu no Ferrol em 1834. Ocupou-se de vários grupos animais, entre eles as aves, e também de outras matérias, caso da geologia. Nesse âmbito recebeu uma carta de Humboldt, a sugerir-lhe que ampliasse estudos que já tinha efectuado, acerca da geologia do Estreito de Gibraltar. Seoane tinha uma quinta perto de Ferrol, em La Coruña, onde reuniu biblioteca e colecções de produtos naturais. Participou em várias exposições internacionais e ganhou prémios em todas as secções a que concorreu, com produtos naturais: madeiras, vinhos, colecções de animais, de que ele mesmo dará notícia mais longe. Foi uma pessoa interessada no desenvolvimento agrícola da sua região natal, a Galiza, na qual introduziu todas as espécies que entendeu serem úteis. Em agradecimento, recebeu o título de Comissário Régio da Agricultura, Indústria e Comércio. Isto significa que Seoane não só estava directamente implicado na aclimatação de espécies úteis, como o facto era do domínio público. Afora isso tirou dois cursos universitários - medicina e advocacia (16). De notar que nesta época não há profissionalização como zoólogo. Grande parte dos naturalistas são médicos, caso de Bocage. E muitos são militares, com estudos feitos na Escola Politécnica. Nuestros hermanos são ainda Laureano Perez Arcas e Eduardo Boscá de Casanoves, naturalistas de grande reputação, como Martínez y Saez, director do Museu de Madrid, que não participa nesta história (mas participa noutras e de forma radical), e Ignazio Bolívar, invocado apenas como contacto. Eram nomes de primeira linha na Sociedad Española de Historia Natural, instituição ostensivamente não Real, e que só virá a ser Real Sociedad já no século XX. O que se passava nas sessões científicas, publicado nas discretas notas das Actas, desconcerta completamente. Se de um lado é admirável ver a ciência extraordinária a operar, para a ciência normal essa acção só pode considerar-se terrorismo científico. Numa dessas notas miúdas, que em geral hoje ninguém lê, tivemos acesso a uma informação vital, vinda de Boscá (17), ao comentar a descrição de Lataste de uma nova subespécie de sapo parteiro ibérico, actual Alytes obstetricans boscai, caracterizada por ter um testículo branco e outro preto. Essa informação é a de que a variedade é fruto da vontade do homem: El Sr. Lataste, al apreciar la nueva forma de batracio de España, emplea la palabra subespecie como más apropiada para expresar las formas intermedias que se presentan en la naturaleza, de ordinario conocidas como variedades y razas; y propone reservar estas últimas voces, tan sólo para significar las últimas diferencias que pueden producirse ó accentuar-se rápidamente, por la intervencion de la voluntad del hombre. Lataste não se alarga sobre tal assunto, se o toca, usa é de inconstância quanto a binómios e trinómios: o táxone muta de espécie para grau inferior e de grau inferior ascende à maior categoria de espécie. A subespécie descrita por Lataste é, nas palavras de Boscá, Alytes obstetricans Laur. var. Boscai Lataste (trinómio), que Boscá continuará a designar como variedad, apesar de, como Lataste, evidenciar a inconstância dos caracteres na volubilidade da designação nomenclatural. Usará, até ao fim da nota, mais sete vezes a palavra variedad. Referindo-se ao mau cheiro, notado por Lataste: Al estudiar las entrañas y demás partes, hace notar que el A. obstetricans tipo (binómio, quando devia ser Alytes obstetricans de lIslei) despide cierto tufo desagradable que no ha podido apreciar en la variedad. Despues de algunas apreciaciones sobre dicha variedad . Esta variedad, com as demás partes café com leche, ou outra variedad hermana, foi a que Boscá encontrou a peregrinar no escadório do Bom Jesus de Braga. Portanto quando Boscá escreve Discoglossus pictus var. sardous (sapo), por exemplo, está a revelar que a população é híbrida. Subespécie será então, em princípio, a população que divergiu de uma espécie por selecção natural. Resta saber como se reconhece na natureza. |