Esfinge ou a poesia

MARIA AZENHA
Foto: M CÉU COSTA
TRIBUTO


A Esfinge é encarnação perfeita da ambiguidade radical da situação humana.
E ao mesmo tempo a realização plástica mais concreta
do acto original do homem: a poesia
.
TEMPO E POESIA, Eduardo Lourenço, pag. 28

 

Ontem Maria bebeu o sangue de Cristo.

O sangue de Cristo é um sangue distinto de

qualquer outro. Não tenham medo, disse: é o mesmo

que alguém estar bêbado

até ao pescoço.

 

Ontem em um momento aprendiz

Maria escreveu:

— o sangue de Cristo está no menino que sou —

 

Passei toda a noite

com a esfinge de Eduardo Lourenço.

 

Quero um poema cheio de neve sem alvoroço.

 

 

maria azenha
2020,dezembro,2, Lx

 


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