Cordel para Fernando Pessoa

 

GUSTAVO DOURADO


Pessoa enigmático:
No dia 13 nasceu…
Lisboa, mês de junho:
Sua mãe o concebeu…
Ano 1888:
O fato assim se deu…

Pessoa heteronímico:
Em Lisboa renasceu…
Ano 1888:
O fato assim sucedeu…
Fernando Antônio Nogueira Pessoa:
Germinou e floresceu…

Fernando Pessoa é:
Poeta-mor de Portugal…
A 13 de julho fluiu:
É poeta magistral…
Poeta que frui magia:
Vate quintessencial…

Na terra dos navegantes:
Registrou-se o surgimento…
De um dos maiores poetas:
Que se tem conhecimento…
O grande Fernando Pessoa:
Vanguarda do pensamento…

Na Igreja dos Mártires:
Foi Fernando, batizado…
No dia 21 de julho:
O vate foi consagrado…
Dentro do Cristianismo:
Logo foi Iniciado…

Joaquim e Maria Magdalena:
Foram os seus genitores…
Fernando ainda menino:
Padeceu algumas dores…
Aos cinco anos de idade:
Conheceu os dissabores…

Joaquim Seabra Pessoa:
Era o nome do seu pai…
Ano 1893:
O genitor se esvai…
Foi visitar outras plagas:
Chega o dia a alma vai…

Fernando Pessoa, infante:
Perde o seu pai Joaquim…
A tristeza o atormenta:
Parece que é o fim…
O Chevalier de Pás:
Heteronímia, enfim…

Foi-se o pai de Pessoa:
E deixou muita saudade…
O poeta bem criança:
Deus asas à liberdade…
O Chevalier de Pás:
A sua alma invade…

A mãe Maria Magdalena:
Contrai novo casamento…
Une-se a João Miguel Rosa:
Renova o sentimento…
Vai residir em Durban:
É a vida em movimento…

Ao sete anos Pessoa:
O Atlântico navegou…
Vai para a África do Sul:
Um novo tempo começou…
Contato com a língua inglesa:
O poeta se transfigurou…

Depois da morte de Joaquim:
A mãe casou novamente…
Durban na África do Sul:
O poeta segue em frente…
Estudos e poesia:
Literatura na mente…

Ano 1895:
Flui o poeta ligeiro…
Para a sua amada mãe:
Faz o seu verso primeiro…
A poesia jorra nalma:
De um poeta verdadeiro…

Era 26 de julho:
Poeta na dianteira…
A poesia de Pessoa:
Tranbordou-se por inteira…
Ofereceu a sua mãe:
Dona Maria Nogueira…

“À minha querida mamã”:
É sua poesia primeira…
Escrita em forma de quadra:
Inspiração verdadeira…
Pessoa tornou-se vate:
Deu início à carreira…

Convento de West Street:
E depois na High School…
A Universidade do Cabo:
Numinoso como um sol…
Prêmio Rainha Vitória:
Uma conquista de escol…

Cursa o Secundário:
Desperta o escritor…
Na Universidade do Cabo:
Desvela novo pendor…
Tem poesia na alma:
Essência de criador…

Por muitos influenciado:
Camões, Shakespeare e Byron…
Baudelaire, Homero, Keats:
Mallarmé, Goethe e Milton…
Dante, Shelley, Poe e Pope:
Cesário Verde e Tennyson…

Poetas de língua inglesa:
Pessoa bastante leu…
Poe, MIlton, Byron, Shelley:
Pesquisou, leu e releu…
Retornou a Portugal:
Um novo homem nasceu…

No Curso Superior de Letras:
Pessoa é matriculado…
Por pouco tempo estuda:
Na carreira de letrado…
Deixou o curso no começo:
Tendo-o abandonado…

Disseca os bons sermões:
Do Padre Antônio Vieira…
Jesuíta erudito:
Sapiência brasileira…
Que viveu na Boa Terra:
Quase a sua vida inteira…

Depois de estudar Vieira:
Cesário Verde buscou…
Adentrou em sua obra:
Muito leu e pesquisou…
Foi grande a influência:
Que Cesário lhe passou…

Tradutor de cartas comerciais:
Dáva-lhe vital sustento…
Em cafés, na boemia:
Extravasava o talento…
No Brasileira do Chiado:
Revelava o pensamento…

Ano 1912:
Mário de Sá-Carneiro…
Conhecimento, amizade:
Criação o dia inteiro…
Elo da Literatura:
Luminoso candeeiro…

Grande amizade com Mário:
Diálogo e poesia…
Revista Orpheu e luzes:
Transcendência e magia…
Mário, Almada e Luís:
Além da Ontologia…

Revista Orpheu, um marco:
Modernismo em Portugal….
Crítica e admiração:
No ambiente cultural…
Antinous and 35 Sonnets:
Em inglês bem literal…

Anos de obscuridade:
Ocultismo e magia…
Revistas, poemas, ensaios:
Estudos de astrologia…
Cabala, esoterismo:
Quintessência dalchemia…

O Guardador de Rebanhos:
Versos de Alberto Caeiro…
Álvaro de Campos criou:
Um universo inteiro…
Ricardo Reis na poesia:
Foi farol e candeeiro…

Cria Bernardo Soares,
O Livro do Desassossego…
Pessoa sempre desperto:
Poesia…o seu emprego
Criou vários heterônimos:
O verso era seu apego…

Caeiro sem misticismo:
Tinha lógica, coerência…
De expressão natural:
Simplicidade na essência…
Um poeta camponês:
Em busca da consciência…

Ricardo Reis erudito:
Era semi-helenista…
Valores tradicionais:
Jesuíta, latinista…
Do Porto para o Brasil:
Médico… Mitologista…

Álvaro de Campos de Tavira:
Foi poeta simbolista…
Estudou engenharia:
Fez poética futurista…
Viviu a desilusão:
Amargura, pessimista…

Pessoa no Cancioneiro:
Auto psico grafia…
Métrica, Rima, Lírica:
Fluente simbologia…
Mensagem do pensamento:
Sentimento da poesia…

A mensagem de Pessoa:
Saudade e Messianismo…
A missão de Portugal:
Poesia e misticismo…
TerraMar e Quinto Império:
Língua…Sebastianismo…

Ano 1934:
Surge o livro Mensagem…
Com dinheiro emprestado:
Sobrevivia à margem…
Prêmio Antero de Quental:
Revelou-se a linguagem…

Mensagem em português:
Flui sebastianismo…
Epopéia portuguesa:
Místico nacionalismo…
Mar português: Brasão
Encoberto messianismo…

Mistérios em sua obra:
In.coerência…Ilusão…
Sonhos e passividade…
Dúvida e hesitação…
Temor do Dês.conhecido:
A busca da trans.mutação…

Ano 1935:
A morte o arrebatou…
Cirrose hepática letal:
O poeta nos deixou…
Foi-se para o além-mundo:
Bela Mensagem ficou…

Fernando Pessoa não teve:
Em vida o reconhecimento…
Nos trouxe a modernidade:
E a luz do pensamento…
Dois livros publicados, vivo:
Pouco, para o seu talento…

O sistema é tirano:
Não gosta de poesia…
Ultraja, mata, oprime:
Reprime a rebeldia:
Só quer saber de dinheiro:
De lucro e de mais valia…

Fernando Pessoa, múltiplo:
Poeta da heteronímia…
Plural personalidade:
Metafórica metonímia…
Muitos nele habitava:
Para além da pantonímia…

Alberto Ricardo Álvaro Bernardo:
Fernando Antônio conhecido…
Pessoa poeta do Ser:
É bom tê-lo sempre lido…
“Saudação a Walt Whitman”:
Naarca do desconhecido…

Ode de Coelho Pacheco
“Para Além Doutro Oceano”,
Antônio Mora, pagão:
Malouco…Um tanto insano…
No manicômio de Cascais:
Um delírio sobrehumano…

Pluralidade em Pessoa:
Mágica diversidade…
Paganismo… Astrologia:
Panacéia… Novidade…
Poiesis… Cosmologia:
Ás da multiplicidade…

Até um Barão de Teive:
Há na obra pessoana…
Mitos e cosmovisão:
Sob a máscara humana…
Signos da natureza:
Imaginação… Persona…

Objeto psicanalítico:
Metafísica… Quintessência…
Antíteses e Alchemia:
Graal da clarividência:
Onipresença do Ser:
Luzes da onisciência…

Fingir… Teatralizar:
Dramatizar a poesia…
Inexistir… Encadear:
A verve da fantasia…
“Bicarbonato de Soda:
Ecos da philosofia…

Atlântico… Tejo… Portugal:
Mar revolto… Calmaria…
Para além do Bojador:
Navega-a-dor da poesia…
Pessoa transborda o verso:
Autopsicografia…

Pessoa eternizou-se:
É patrimônio mundial…
Poesia de infinitude
Luminar de Portugal…
Navegador do Ser:
Poeta universal…

 


Revista Triplov . Tomo  Gustavo Dourado . Janeiro de 2024

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