mais que o dente, que a cicuta, que o olho da árvore, e mais que o pedestre e terrestre e celeste, e mais que o pó que cobre a lima e a lama do leme, mais que a lua acesa sobre o rastro: mansidão de pedra
e
mansidão de fogo
que é água escrita sobre o múrmurio e areia de sargaços na letra húmida do silêncio
Sardões na sarja. Osgas. Lagartos. E também cágados loucos em caligrafia fria na marquise branca aberta aos abetos e às brisas e às Rosas. Um pequenino sardão. Umas manchas minúsculas. Másculas. Mescladas.
E o reino é da árvore com o seu olho de grilo. O tambor de zino. A metralha nocturna e metropolitana. E o som que desaparece esquecido de esquecer.
Um pião na lareira - erva cidreira
Piu de mocho - osso frio
Cobras desdentadas no poço e flores amarelas no jardim. Flores de couve e de alecrim, rosmaninho e jasmim. Flores de areia e de ar. Flores de sol e de luar. Flores de água e flores de fogo. Flores de vinho novo.
Sobre a horizontal casa o horizontal temporal. Um frio de neve: chama branca, cristal de incêndio. A face verde das mesas. As mesas verdades, amargando, amolgando. Como facas a amolar.
Os mosquitos no riacho, aonde a pedra é poiso e cega, e é pau pútrido.
Mais que a erva e os girassóis derradeiros é o frontão do templo. Charco antigo de cujas colunas (hábeis florestas) se sabe a cinza e os acantos. Mais que o pátio deitando-se sobre o Livro e a lage morna onde a rã ressona. Mais que a escadaria nua e selvagem é a silva com seus espinhos de vidro e o cão que salta num ciciar malandro. Mais que o trigo e o pão cuja morena brancura (inexcedível e poeirenta) amaciando a casa, é o rato secreto e fortuito mensageiro das trevas: Hermes disfarçado. Mais que o chapéu… Será o inverno que o antecedeu? Sapato na cafeteira derretendo-se. Chá. Dedo. Destilado. E lá fora as plantas trepadeiras para cá espreitam. Seu bafo deitam.
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