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Quanto mais se extrema a admiração maiores os contornos de irreverência - serás a companhia desavinda de conversas que caçam ecos. Porque admiráveis são aqueles que buscam admirar.
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As geografias atormentam-nos quando se insinuam espaços indisponíveis - e mesmo neste que julgamos habitável são tão irrequietas, esplendorosas e desavindas as relações.
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Desengane-se quem almeja reciprocidades sem actos rudes - errática é tua doçura e cortantes as proximidades.
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A fidelidade é mais uma táctica que uma devorante devoção - procuramos nos afectos lugares recatados que não se constroem nem se consolidam na solidão
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Resignamo-nos à crença na graça porque visível e verificável - mas não ao consolo perverso do ignoto.
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Temo as trevas e seus séquitos - temor prudente sem vera aflição.
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Nomes são trânsitos entre bocas.
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A premonição de exíguas alterações...
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As unhas que distraidamente se cravam em cadáveres unem a mudez de uns à impossibilidade de outros não tagarelarem.
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A errância, como uma uma culpa que não cessa de ser cantante.
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Acampava na fraternidade de modo a aceder a glórias feitas com retalhos de insónias.
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A imperfeição das paisagens aliciava-lhe os pés para andanças incandescentes.
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Muito mais tarde constatarás que a culpa é um remédio para as inextricáveis insolências da hybris .
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Na vergonha os alicerces do amor fazem-no belo, embora maldito.
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A culpa é o pronuncio de um desnudamento que te fará mais nua.
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Sente a intencionalidade de cada gesto como uma erecção - as coisas causam-se na iluminação do estilo com que as afloras.
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Os amantes ou as amadas, caninos nas suas devassas incursões, não se dão com as felicidades felinas - mais cépticas e arejadas.
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As confidências fabricam periferias ao amor em suas impertinentes pertinácias - a mania metonímica predomina sobre a metáfora afagada.
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Os machos vaginizam-se contra a sua natureza e a nossa - tornam-se tiranos através das teias ténues da trémula ternura.
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A doçura quase omnívora do camaleão renova-se a cada ocasião.