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Os enxertos poéticos enxergam-se porque foram podados com as mais importantes árvores do Paraíso.
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A multiplicidade é o fruto humilhante de um desígnio mais intenso e demente que as prisões da unidade.
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O vácuo não pode parir senão vacuidade - o granito e suas giestas são deveras mestiços antes das raças e da acumulação das consciências. O híbrido no vazio se entrelaça tal como o gato com seu pelo nas minhas meias de Lycra.
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A leveza faz-se caminho quando o olhar alcança distâncias nítidas.
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Incorporou-se nos gestos musicais a magia. As melodias acharam-se predadoras e desregularam os poderes e o insólito.
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Os deuses tentam segurar-se nas línguas mortas e nos papiros como se a eternidade necessitasse de tais frágeis inconveniências ou de travessas portas.
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Buscava tactilmente os mapas para enfrentar a cegueira com que partimos para lugares distantes.
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Na orquídea não há evidências claviculares nem defensivos espinhos (mesmo que os houvera) - só exuberante polén que atrai faunas ambiciosas.
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O tigre não ama desdenhosamente como o gato , nem em submisso lume qual canídeo - pavoneia-se no raiado do seu poder com um sorriso discreto que incendeia a alegria da floresta.
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Para a fecunda noite que sustém os ofegantes astros os dias são a mera circunstância da proximidade de uma só estrela.
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Teimas de orquídea geram geometrias substancialmente férteis.
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As feras farejam fábulas amorosas mesmo quando votadas a suburbanas jaulas.
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O ciúme segura a paixão como porta da morte - para o amado a despossessão que esta oferece confunde-se com o afogamento na absorvente imagem da amada.
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É Durga que se desfaz do Minotauro oferecendo-nos o labirinto qual alameda ajardinada. Teseu procura o sexo suplementar, o não-desflorado, substituindo em parte o semitaurino - mas de enigmáticas arquitecturas distanciado.
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Indagamos com adagas as submissas partes das urbes. Deixamos que os sorrisos se tornassem íngremes quando as nuvens se aproximavam de nossos hirsutos rostos.
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Resplandecemos quando regurgitamos repastos fúnebres.
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A dado momento apercebemo-nos que temos gasto a complacência com contínuos desvios aos nossos planos mais arcaicos e que arrumamos a doçura em desfiladeiros e sucursais.
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Fechas-te para te instruíres numa ciência desavinda. Recusas o silêncio assim como as formosuras do mobilado - e desvelas o críptico com o ainda mais precário.
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A glória é o subúrbio insone de aflições muitas, seja ela divina ou cordialmente mortal. Alguns dos seus objectos vegetam mascarados de prestígio.
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A posteridade é tragável e entra deveras em corpos que pressupomos amados. O mais desbragado amor é filho de algo inextricávelmente académico.