Gosto mais que mo digam pelas costas, pois assim poderei desfrutar da sobreabundancia das baixezas.
Cultivas o cinismo como quem distribui galhardetes.
Soerguemo-nos da partita da dor – a musica não sabe conservar segredos.
Posso, acima de tudo, doar-te alguma ausência, ainda que envolta na confusa teia de fragmentadas presenças.
Do enjaulado teorema crescem as vacilantes deduções – mas terás que o soltar, porque as provas do amor não se alicerçam em nenhuma geometria ideal.
Confundimos julgamentos com afectos, mas os tribunais são invenções tardias, e a afectação é uma próximidade animal que nos muda arrepiadamente a partir do pelo ou da pele.
Tenha-me assim como te teve - alisadora ideal de desenvoltos dramas.
Esperamos que a matéria acorde para reinar em lugar do sonho do rei.
Quando o sal das dúvidas salgar o tutano por onde se esgueira a consciência eu saberei saboreá-lo, porque onde a dúvida não pasta grassa o deserto insonso do desinteresse.
Não tenho método, tenho olho. E sobrancelhas a enfeitá-lo!
A servidão venal afadiga-me em lutas nada angélicas, mas a adversidade também é fabrica de virtudes.
O fauno que te afaga é o ferimento que nos refaz em arte.
A sua fraqueza de polvo tem tentáculos em partes desconhecidas do teu corpo.
A contabilidade de uma história tem versões que nascem nas mais ternas desatenções.
Perder-te é um imperativo que me faz mais gloriosa e menos apressada.
A vantagem é a despertença, que me mostra as coisas mais despertenciosas.
Carregamos as palavras como erros, embora estas queiram passar por potênciais ferimentos.
|