E a mim virá, e me beijará com champanhosos beijos em nada servis – e viveremos em insones arredores como corças corsárias...
A rima macaqueia a pobreza de ser o eco forçado de palavras tão ordeiras e tribais – é certo que a tirania dos versos possibilita achados pitorescos, mas não nos livra da maçada de inuteis palavras que se acocoram no extremo de cada linha. Por isso a prosa respira com uma porosidade granitica que falta ao polimento do verso.
Foram-se as eras dos monumentos, com seus pesados e funestos metais e túmulos onde reposam herois e tiranos (distingui-los hoje é insensatez) – não que goste de eras incorpóreas, mas deleito-me nesta ligeireza, por vezes àcida, em que nos é perviligiadamente dado viver.
Os clavicórdios aterraram nos meus tormentos. E eu senti-me titubeante, com um hálito a precisar de ser carregado por correntes elétricas e musicas que sacudam popisticamente o ventre.
A iniquidade é incontornável prova de uma imperfeição dos pormenores do mundo – os deuses podem estar barbaramente ou monoteisticamente nas generalidades, com ardores apofáticos ou arrumados universais, mas o pormenor clama por mais e mais justiça.
Há palavras que se deitam connosco por curiosidade delas e que acordam pouco donzelas porque estiveram em experientes mãos.
É na variação que repouso – não que queira manchar a pureza dos amores com hipócritas traições, mas a natureza, e a consciencia que enxutamente exala, pede tudo menos a uniformidade onde fascismos sempre afectivos arborescem.
Há uma pré-posteridade a que somos chamados como a algo adverso: polimentos classicistas, condutas ditas exemplares. Mas a minha arte em que imperfeitamente me esgrimo gosta de máculas, de gostos mal-assumidos, de vacilações, e até de algum grotesco – gostos romanticos? Sim! Mas nada de macaquinhos pitorescos.
O universo estende-se parcialmente para cada um dos seus cantinhos – a sua vastidão é demasiada para os nossos tamanhos e para os saltos com que trilhamos os seus caminhos. Mas esta dimensão é tão encantadora e canora!
Não sei dançar condignamente a rumba, mas sei insaciar-me nos arrotos pirateados do rum.
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