E assim foi... deixamo-nos agrafar no mapa dos dias em que a beleza sobrevivia bastarda. —Agora queremos florir demasiado. Deitas adubo no que é dúbio. Mas sabes que a sua testa, mesmo que em breve feneça com a força dos anos fará divinas as tardes em que a possas contemplar.
Antes dos gregos monumentos serem o mortal estéticismo em que a beleza é vera porque pura e nua, os gregos pastavam numa efevrescência conspurcante, com dourados, inocentes e flácidos ornamentos. Mas a beleza depurava o olhar dos antigos – com côres. Eles seguravam-se num riso e esvaíam-se nele. O riso era outra vez a beleza.
A morte também devora o que é recorrente, mas há algo verde e veraneante que supera, ainda que falsamente, a mumificação para a qual, muito lentamente, o universo se dirige. Só é forte o que não se conserva.
Penélope, deixas-te farejar por uma fidelidade que te mata com aracnídeas patas. A espera não emenda ausências, e o retorno de Ulisses será a fulminante decepção que encolhe o mundo com mentiras fabulosas. E o que desejas em Ulisses é essa mentira na qual nos gostariamos de nos banhar. Mas não para sempre.
Tens a manilha e o triunfal às que pode fazer o cheque-mate às duvidas que te melancolizam. Tens o direito a decapar a verdade, porque o decapamento é já transe.
Pois as mandibulas (a voz das almas!) fazem o que fazem – buscam outras mandíbulas suaves ou fortes, para devorar falsamente, parodiando a morte – sorver o que se ama como uma impossibilidade.
Faz cheque-mate à dívida que herdaste dos deuses.
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