O seu olhar apatetava-se em caretas despropositadas – também o meu.
Sinto-me suja de tanta complexidade – mas até gosto.
A sua beleza não é negra, mas está grávida de uma cor obscura.
Torturo silhuetas quando estou sózinha – a vingança é um acto simbólico. No fim ninguém se vinga efectivamente de ninguém. Só sombras vingando-se de sombras.
Utilizo o riso como um rigor vitalício.
A palavra coração desperta em mim a bela predadora adormecida.
Uso a negação como muita gente se veste com roupas escuras – mas prefiro sem sombra de dúvida as cores puras.
Antes puta que pudibundo modelo de beleza.
Se me tiveres perdes-me. A posse encalha-me nos consumíveis. E eu sou bastante desperdiçável.
Ou és livre ou de mim não te livras. Mesmo que isto só se passe num livro.
Encaracolo-me no nada, como quem retorna ao nascimento.
Frisar coisas. Frisar cabelos. Free...
A magia adicional reside apenas na vontade de te tocar furtivamente?
A vontade é aditiva – soma abundâncias ao que já é abundante. É neste sentido que se justifica a sobreabundância como uma fatalidade.
Não deixes que as Icaras fiquem por baixo senão ainda levantas vôo.
Posso achar tudo uma excepção – e no que me diz respeito estou a mais. Mas isso não me incomoda nadinha.
Os desenganos têm a prova facilitada, como os alunos estudiosos. Desenganemo-nos consequentemente dos desenganos.
Os castrados elevam a voz como se esta saísse de um buraco no meio da cabeça – nós elevamos o peito, para que a voz saia por todo o corpo – transpiradíssima.
Meus olhos, que barrocamente vêem não o que vêem, mas o que cuspidamente nos chega nos cupidos.
A beleza é a muralha a partir da qual entrevês uma visão celeste, mas sem serafismos.
Ganchos fardados atiçam falsidões ouriças.
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