O cordeiro humedece o Uno, mas o lobo torna o Múltiplo mais lúbrico. Nós somos o interlúdio erótico dessa bizarra fábula.
O inverno faz das ausências maníaca saga. Ou empresta-nos, para consolo, musica magra.
O prazer do ano flirtando com as sucessivas estações!
Não sei remover o verão quando surfo nas inclemências cavernosas dos invernos.
Sei adolescer em tempo de colectas – o mapa das emoções não é arbitrário.
Coliges esperanças alheias, mas não sabes se as deves publicar.
A abundância descaída dos fãs.
E à infilhada silva do múltiplo alguém entrega órfãos do disperso.
O carinho, por vezes tão maçador nas estações da moleza, é inibido pelo inverno, mas resiste nas alcovas aconchegadas.
Não quero saber do branco suplicante dos lírios porque lhe prefiro o vermelho salpicante das bacantes.
O prazer desfila com a sua cáfila carregada de especiarias, e eu penso que as cores são mais profundas que os conceitos, e que as iluminuras iluminam os nossos jogos, e que tudo faz um complot para que a vida parece mais desenhada.
O teu violento dialecto arrebata-me violetamente.
A sua respiração e o cheiro que destilava vergavam todos os juízos possíveis, invadindo-me de uma simpatia mais absorvente que a morte.
O orgulho roxo, na verificação ingénua dos teoremas práticos, amacia as intermitências àcidas da complexidade.
Um desespero andrógino, branco no que é espinhoso, mas escarlate nas destemperadas ofegações.
Vingas-te, através dos incondicionamentos do sexo das reticências com que te flirtava – e até a minha respiração já anexaste.
Comia-a até a morte, como um figo que desesperou de ser verde.
|