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Pedro Proença......

DO AMOR E MUITO MAIS OU O ASSENHORAMENTO DOS SONETOS SEGUNDO SONIANTONIA & SANDRALEXANDRA : INDEX

O ESCARRO DA FORTUNA

Procuro razões que não venham em minha defesa.

Excitas a desonra como uma técnica para polir a santidade. Ó sacro masoquismo!

O conhecimento das vontades exercita-nos para a estranheza.

O teu repto era que me deixasse raptar?

Estrangulas-te no que julgas que eu julgo.

O caminho ausenta-se caminhando? Então desencaminhemo-nos como cativos caminhantes.

A minha laringe, em mudos movimentos de memorização, repete silenciosamente teu nome adocicado, e o corpo destila uma canela interna que o perfuma até às entranhas.

Quero-te demasiado profana, isto é, sem polimentos para eternidades ou perfeições de ginásio.

Faço o que faço retorcidamente porque estou nas antípodas das éticas quadradas.

E afortunadamente envelhecemos para dar lugar a outras, menos enrugadas e mais destemidas, incapazes para prudências e vítimas tolas de futuras feridas.

Deverei amar-te com um òdio que contra si mesmo se debate?

Odeie-me o vulgo como queira, desde que eu me não odeie e me levante mais inteira.

O escarro da fortuna esculpe deuses nas encruzilhadas.

A fatal lingerie e outros grifos de estimação, para que o narrador, “oitocentista”, possa rechear os seus parágrafos de deliciosas cangalhas.

De início vem piramidal, com culternas plumas e outros tergeitos, mas acaba subtilmente aticista, em cima de um terraço ao amanhecer, fitando o mar que emerge da noite e que se desenrola como um tapete na vista até ao meu peito.

O seu gosto de início era desagradável, mas com o condimento certo e talentosas mãos a temperá-la, saboriei-a como incomparável iguaria e sumptuosa presença.

Algum glamour, mas pouca uva.

Sítios do Autor

http://www.sandraysonia.blogspot.com/ 
http://juliorato.blogspot.com/ 
http://www.pierredelalande.blogspot.com/
http://www.tantricgangster.blogspot.com/
http://www.budonga.blogspot.com/
http://www.renatoornato.blogspot.com/
PEDRO PROENÇA. Nascido por Angola (Lubango) pouco depois de rebentar a guerra (1962), veio para Lisboa em meados do ano seguinte, isso não impedindo porém que posteriormente jornalistas lhe tenham descoberto «nostalgias» de Áfricas. Fez-se rapaz e homem por Lisboa, meteu-se nas artes e tem andado em galantes exposições um pouco por todo o mundo, com incidência particular no que lhe é mais próximo. O verdadeiro curriculum oficial mostra muita coisa acumulada com alguma glória e devota palha. Tem ilustrado livros para criancinhas e não só, não porque lhe tenha dado ganas para isso, mas porque amigos editores lhe imploraram. Também publicou uma estória entre as muitas de sua lavra (THE GREAT TANTRIC GANGSTER, Fenda, em edição que, por estranhos motivos, foi retirada de circulação), um livro muito experimental de ensaios (A ARTE AO MICROSCÓPIO, também da Fenda) e um grosso livro de poemas comentados com imagens (O HOMEM BATATA, editado pelo Parque das Nações). Compõe, mediocramente, musica no seu computador, e é um yogui quase consumado.

Pedro Proença. Born Lubango, Angola, 1962. With an exhibition in the Roma e Pavia Gallery in Oporto, at the end of the 80's he begins, a cycle of installations which have continued until today, and make up a work in progress. These works, which use such poor materials as indian ink drawings on paper, are structured according to previous architectures or constructions which emphasise the multiplication of the dynamic planes of framing. In this decade he has exhibited paintings which complement these installations, aiming at serialising the "plurality of the subject", and permanently responding to questions in the artistic field (current ones or uncurrent ones), to which he cannot remain passive. As it is known that he is also engaged in a literary activity which is beginning to be published, his works should be seen as a coming-and-going within this controversial space which confronts images with words, either as "allegorical appearances" or as "narrative possibilities".