A fúria às vezes dispensa, por equívoco, imerecidas cantatas.
Os baixos continuos iluminam-se no infatigável retorno que suporta as superficiais melodias dos altos.
Prefiro linhas répteis a linhas rectas.
No tempo delicado dos números, gastas demasiada saliva com inicitivas vacas.
O equivoco torna hábil a pena e matreiro o argumento.
A Musa rasteja nos restos da ascensão, no exame fulminante dos rostos que resistem às seduções rápidas.
Se o tempo te proporciona inevitavelme enrugamentos, antes seja a satira a moldar tais variações.
E faça-se pelo tempo cinzeiro, despojando o porte do todo e o aparato das partes.
Previna o que nos excita, embora tenhamos a curva faca da Musa encostada à garganta.
Negligências de verdade tingem a beleza de um tom grave.
A harpa sabe-nos a multiplicidade, porque os dedos acariciam as cordas como se desesperassem dos adiamentos a que os paraísos prometidos parecem sempre sujeitos.
O silêncio não se desculpa silenciosamente.
Mentiras de tesoura fortificam a loura.
Os sarcófagos são burocracias de mortos canalhas – antes nús, devorados, reduzidos a pó do que retidos em perservações usurárias, prisioneiros de pinturas e embalsamados em subterrâneos asiáticos.
Parecer é retorcer-se, e amar é serpentinar-se – por isso os ídolos parecem-me menos mercadoria do que os deuses totalitários.
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