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Pedro Proença......

DO AMOR E MUITO MAIS OU O ASSENHORAMENTO DOS SONETOS SEGUNDO SONIANTONIA & SANDRALEXANDRA : INDEX

BOMBAS E CANELA

Assim frequentemente me invocou a Musa, como se eu fora em seu socorro. Mas os bombeiros chegaram primeiro.

A memória é a citação de uma série de prudências que ficam como uma montagem de imagens na nossa «cabeça» - a memória sobra-nos como desejos desperdiçados em aguardar algo. Lembro-me do que ficou por acontecer. E se acontecesse...

Desperdiçamos as côres, e em particular a branquidão falsa que se fez passar por grega.

Examinamos os pensamentos para pôr conhecimento novo, ou com este lavar o que nos é mente – mas não é por isso que rejenuvescemos ou regressamos a criança, como uma tábua rasa que não é tábua, nem é rasa, e muito menos infantilmente pura.

O livro sabe melhor com um pouco de sal – o leitor enriquece temperando as leituras com a sua imanência.

O que é que Avicena terá lido em Aristóteles? A Metafísica como muita canela?

Os versos auxiliam-nos muito depois de escritos – quando nos estrangeiramos e as ângustias do mundo vêm, como piranhas, devorar as últimas esperanças.

É a mudez que faz a instrução dos olhos, ao mesmo tempo que lhes dispersa as vontades.

Adicionamos um duplo à nossa consciência porque é sempre agradável saber que algo nos duplica, mesmo como sombra ou ignorância.

O teu orgulho orgulha-me. A tua influência fluência-me.

Compilo, não num estilo emendado, mas porque uma giboia interna antologia fragmentos de uma graça que todos julgamos antiga mas que é tua.

Avanço até onde sobe o sabor do mosto. Páro. Sinto a influência ébria das tuas maneiras, e como, com elas contrastado, me sinto rude. O que era antes era ignorância sem candura.

Sítios do Autor

http://www.sandraysonia.blogspot.com/ 
http://juliorato.blogspot.com/ 
http://www.pierredelalande.blogspot.com/
http://www.tantricgangster.blogspot.com/
http://www.budonga.blogspot.com/
http://www.renatoornato.blogspot.com/
PEDRO PROENÇA. Nascido por Angola (Lubango) pouco depois de rebentar a guerra (1962), veio para Lisboa em meados do ano seguinte, isso não impedindo porém que posteriormente jornalistas lhe tenham descoberto «nostalgias» de Áfricas. Fez-se rapaz e homem por Lisboa, meteu-se nas artes e tem andado em galantes exposições um pouco por todo o mundo, com incidência particular no que lhe é mais próximo. O verdadeiro curriculum oficial mostra muita coisa acumulada com alguma glória e devota palha. Tem ilustrado livros para criancinhas e não só, não porque lhe tenha dado ganas para isso, mas porque amigos editores lhe imploraram. Também publicou uma estória entre as muitas de sua lavra (THE GREAT TANTRIC GANGSTER, Fenda, em edição que, por estranhos motivos, foi retirada de circulação), um livro muito experimental de ensaios (A ARTE AO MICROSCÓPIO, também da Fenda) e um grosso livro de poemas comentados com imagens (O HOMEM BATATA, editado pelo Parque das Nações). Compõe, mediocramente, musica no seu computador, e é um yogui quase consumado.

Pedro Proença. Born Lubango, Angola, 1962. With an exhibition in the Roma e Pavia Gallery in Oporto, at the end of the 80's he begins, a cycle of installations which have continued until today, and make up a work in progress. These works, which use such poor materials as indian ink drawings on paper, are structured according to previous architectures or constructions which emphasise the multiplication of the dynamic planes of framing. In this decade he has exhibited paintings which complement these installations, aiming at serialising the "plurality of the subject", and permanently responding to questions in the artistic field (current ones or uncurrent ones), to which he cannot remain passive. As it is known that he is also engaged in a literary activity which is beginning to be published, his works should be seen as a coming-and-going within this controversial space which confronts images with words, either as "allegorical appearances" or as "narrative possibilities".