Solidifico-me na solidão. Humedeço as palavras antes de as escrever – sinto a lingua provando a boca no que hesita, e esse silêncio palrado que é o das palavras procurarem ordem e sentido, ao mesmo tempo que buscam alguma desordem e sentidos para lá do sentido que andam semi-cegamente a adivinhar.
Cedo aos doces argumentos e revolto-me com repróbos – o poeta engana-nos, porque a doçura dos seus versos é a reprovação das nossas (e da sua?) passividade.
O seu porte já não comporta este comportamento.
A beleza é o que nos morde – desengana-te, amiga, se a imaginas como plasticina que dá prazer aos fantasmas da tua atenção.
Nada mais embaraçoso que o elogio. Com ele seduzirás, não pela bajulação que dá trela ao amor próprio, mas pela fragilização imediata da consciencia, no que ela a si diz e no que ela aos outros atende.
Agracie-se – é melhor pagamento que os agradecimentos.
Largo hipérboles como bombas que talvez algo banhem. Mas sei que as hipérboles, tal como o bombismo, só revelam a fraqueza de uma condição cuja incerteza e fragilidade levam a espampanear.
O discurso torna mais fofo o divã – abre a cama... e fecha a fama.
O prazer é em boa parte humilhação, não no quanto há de humilhável (sado-masoquisticamente?), mas na condição fértil de ser de orgulhos despido... e porque sêr húmus é já humedecimento.
Erros são afundamentos que fundamentalmente nos fundamentam.
Este sentimento de disturbio interno é algo mais antigo que animalidade. Não se salva porém com o sabor de se sentir arcaico. Doravante não sabemos o que fazer às nossas intencionalidades.
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