Procuras a Musa que te convém como um pretexto, e procurarás outras. As Musas são mais submissas que as ninfas?
A Musa é uma forma de respirar, um ritmo que te satura e que sutura os fragmentos das vívidas intenções.
Possuis argumentos doces para seres ferida por estocadas de criaturas imprudentes.
Ensaias um vulgar papel que não gostarias de ver representado – mas só mais tarde.
Dá-te mesmo que o não mereças – desde que te regozijes com isso.
O que inspira a mandrágora é a incitação à mescla: penetro um pouco mais na natureza ou faço-me penetrada por ela? – só através dessa interpenetração poderás aceder à identidade do isto com o aquilo, do absoluto com a mais mísera criatura.
Enxovalhas a persuasão como algo temível, mas ela está no ar muito para lá da concretização da sedução, objectivo deveras mediocre – a persuasão não quer persuadir, só quer ser persuasiva.
O espelho encosta-se à mudez.
A vista fabrica o alheio.
O tolo escreve o que no mundo é mudo.
A luz azeteca acode-nos como uma invenção da morte.
Encontras a elasticidade no pó.
É a curva do golfinho que te incita a reconsiderar a irreconhecibilidade do idêntico.
Sejas tu a enésima Musa, como a década que torna imperceptíveis as novidades que as nove Musas nos oferecem de uma só vez.
Tornara-se subitamente uma advogada de ritmos dessincrones.
O destino é indissociável de geometrias demasiado simples. Mas falta acreditar no destino como numa rima pobre.
A maior parte das geometrias, por mais eternas que sejam, já estão fora dos prazos.
Sentia que a pele da sua amada tinha algo atraentemente viscoso quanto o sangue de uma lampreia.
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