O presente é o epílogo possível de florestas imensas de passados que não cabem em prólogos.
A rosa julga-se justa, porque favorece os que a farejam. Mas o seu odor divide-nos e aumenta a fome pelo alheio – insaciável.
Há flores que se contraíem completamente como tartarugas na carapaça para desabroxarem seguidamente de um modo completo.
A respiração é a droga mais perfeita e forte.
Muitas vezes a viuvez é pretexto para um excesso de virtude.
Há quem tema mais o despeito que a morte.
A violência da juventude é causa da sua beleza? Como destilar este encantamento acre em suave sabedoria? Ou não há sabedoria com suavidade?
Os monumentos nascem já agrilhoados – são espelhos das comunidades no seu mais intímo desespero. Os herois não podem esconjurar nem a morte nem a subjugação que a natureza ou celerados príncipes sobre nós exercem.
O poder das rimas é o excremento dos impérios.
Guerras são pretextos para estátuas que excitam tribos de cidadãos - por isso contenta-se desperdiçando vidas.
O registo vivo de memórias mortas.
A posteridade só garante ao poeta o vir a ser citado em ocasiões foleiras.
O mártir assegura a sua glória através de uma radical iniquidade.
A posteridade desgasta este mundo para lá da domesticação das finalidades.
Assim o poder de julgar levanta o ego como um sexo fácilmente excitável.
O que é que pode interromper os olhares dos amantes?
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