powered by FreeFind

 

 








Pedro Proença......

DO AMOR E MUITO MAIS OU O ASSENHORAMENTO DOS SONETOS SEGUNDO SONIANTONIA & SANDRALEXANDRA : INDEX

EM ROMA SÊ ROMÂNTICA

A loba de que és feita busca a ovelha de que serás desfeita.

Saturamo-nos de sombras que serão madrastas de outros milhões de sombras.

Há na palavra Harpia harmónicos àcidos que tornam evidente que a harpa não é mais que uma máscara, e que todo o som dedilhado procura alvos fatais.

Adonis é descrito com bastantes decibeis, como toda a moeda falsa – má imitação, pechisbeque asiático.

Helena é alguém em quem apetece morder, seja ou não simulacro.

A arte é o òbvio jogo da beleza – não sei se consegue evitar que esta se torne um jugo.

A grécia, ideal ou canibal, que forjamos como emblema de um passado que consegue fazer o presente mais presente, é algo deveras pneumático e lúbrico simultaneamente – tornando-nos cada vez mais automobilizaveis.

É pintando de novo que seguramos os cornos do touro.

Fale-se da mola que amolece as modas, e do faisão que dá fausto ao ano. Fale-se de uma sombra contrafeita que mostra subitamente, e a contragosto, um pálido seio.

Ariana queixa-se de traições, mas é ela quem primeiro trai sua estirpe – adolescente que se torna divina através da humilhação e do pranto. Só assim pode estar preparada para o deus.

Então surge a guarnecida galera da beneficiência, e concluis que os encatamentos são possíveis...

Cada forma atraiçoa a benção do seu criador como se se quizesse prostituir noutras criações.

Gracejas, porque esse é um dispositivo externo – é a possibilidade da utopia, a ilha brejeira das ideias sensatas.

De nenhumas gosta, ou de todas... mas gostaria de repartir o coração como um bolo, se isso lhe desse constância.

O quanto mais o manto da beleza se estende em beatas sestas mais exercito o ornamento doce que garante a elasticidade perante o devir.

Precisas de usar cottonetes para poderes vir a escutar a verdade!

Sítios do Autor

http://www.sandraysonia.blogspot.com/ 
http://juliorato.blogspot.com/ 
http://www.pierredelalande.blogspot.com/
http://www.tantricgangster.blogspot.com/
http://www.budonga.blogspot.com/
http://www.renatoornato.blogspot.com/
PEDRO PROENÇA. Nascido por Angola (Lubango) pouco depois de rebentar a guerra (1962), veio para Lisboa em meados do ano seguinte, isso não impedindo porém que posteriormente jornalistas lhe tenham descoberto «nostalgias» de Áfricas. Fez-se rapaz e homem por Lisboa, meteu-se nas artes e tem andado em galantes exposições um pouco por todo o mundo, com incidência particular no que lhe é mais próximo. O verdadeiro curriculum oficial mostra muita coisa acumulada com alguma glória e devota palha. Tem ilustrado livros para criancinhas e não só, não porque lhe tenha dado ganas para isso, mas porque amigos editores lhe imploraram. Também publicou uma estória entre as muitas de sua lavra (THE GREAT TANTRIC GANGSTER, Fenda, em edição que, por estranhos motivos, foi retirada de circulação), um livro muito experimental de ensaios (A ARTE AO MICROSCÓPIO, também da Fenda) e um grosso livro de poemas comentados com imagens (O HOMEM BATATA, editado pelo Parque das Nações). Compõe, mediocramente, musica no seu computador, e é um yogui quase consumado.
 

Pedro Proença. Born Lubango, Angola, 1962. With an exhibition in the Roma e Pavia Gallery in Oporto, at the end of the 80's he begins, a cycle of installations which have continued until today, and make up a work in progress. These works, which use such poor materials as indian ink drawings on paper, are structured according to previous architectures or constructions which emphasise the multiplication of the dynamic planes of framing. In this decade he has exhibited paintings which complement these installations, aiming at serialising the "plurality of the subject", and permanently responding to questions in the artistic field (current ones or uncurrent ones), to which he cannot remain passive. As it is known that he is also engaged in a literary activity which is beginning to be published, his works should be seen as a coming-and-going within this controversial space which confronts images with words, either as "allegorical appearances" or as "narrative possibilities".