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Pedro Proença......

DO AMOR E MUITO MAIS OU O ASSENHORAMENTO DOS SONETOS SEGUNDO SONIANTONIA & SANDRALEXANDRA : INDEX

HERMES E AS AMA-ZONAS

As fábulas não libertam, antes nos aprisionam, quer nos limites da realidade prosaica que as forjam, quer numa terna ausência que as habita. A fábula apenas fornece o enigmático para nos entreter com respostas ambiciosas que parecem dar um sentido um pouco mais importante à mísera vida.

E a paciência doméstica deixa no cabide as tormentas em que o mundo politicamente se retorse.

Cada verificação é mais uma porta aberta para o cepticismo.

É o brilho da armadura que excita os ferimentos.

Pedir perdão costuma ser uma forma descarada de legitimar crimes.

Previligiar o tempo em deterimento do espaço?

Já não devo esperar, pois cada momento é um momento oportuno, mas só é momento enquanto o momento durar.

Somos responsáveis perante tudo aquilo que desperdiçamos.

A gargalhada garante a emergência da novidade mesmo na mais podre das républicas.

Hermes é o deus que intoxica as nossas almas com amizades nocturnas que devêm extremas. Temo que nelas desbote a borbulhante criança que torna mais fortes as cores diurnas.

Sentimos que a nossa singularidade é eterna mas dificilmente a concebemos como anterior às nossas atribuladas infâncias.

Há no modo como as coisas nos vislumbram um piscar de olhos que nos recorda que aquilo que não vemos é precisamente o reverso do catastrófico.

A cabra àcida que efevresce em livro antigo... falta o resto do poema?

O mundo envelheceu de tal modo que já não consegue restaurar a sua moldura.

A maravilha consegue emendar a ironia ressentida da história.

Os maus assuntos merecem os seus cultores, que ajudam a tornar límpidos, por contraste, os mais admiráveis assuntos.

Ama a minúcia em cada minuto.

Avença de contendas.

Em vez de acrescentar um grão de sal, acrescentar um grão de luz.

À maturidade sucede uma propensão para rastejar.

Há quem se queixe da falta de tempo, mas este é generoso nas suas gorjetas.

Sítios do Autor

http://www.sandraysonia.blogspot.com/ 
http://juliorato.blogspot.com/ 
http://www.pierredelalande.blogspot.com/
http://www.tantricgangster.blogspot.com/
http://www.budonga.blogspot.com/
http://www.renatoornato.blogspot.com/
PEDRO PROENÇA. Nascido por Angola (Lubango) pouco depois de rebentar a guerra (1962), veio para Lisboa em meados do ano seguinte, isso não impedindo porém que posteriormente jornalistas lhe tenham descoberto «nostalgias» de Áfricas. Fez-se rapaz e homem por Lisboa, meteu-se nas artes e tem andado em galantes exposições um pouco por todo o mundo, com incidência particular no que lhe é mais próximo. O verdadeiro curriculum oficial mostra muita coisa acumulada com alguma glória e devota palha. Tem ilustrado livros para criancinhas e não só, não porque lhe tenha dado ganas para isso, mas porque amigos editores lhe imploraram. Também publicou uma estória entre as muitas de sua lavra (THE GREAT TANTRIC GANGSTER, Fenda, em edição que, por estranhos motivos, foi retirada de circulação), um livro muito experimental de ensaios (A ARTE AO MICROSCÓPIO, também da Fenda) e um grosso livro de poemas comentados com imagens (O HOMEM BATATA, editado pelo Parque das Nações). Compõe, mediocramente, musica no seu computador, e é um yogui quase consumado.
 

Pedro Proença. Born Lubango, Angola, 1962. With an exhibition in the Roma e Pavia Gallery in Oporto, at the end of the 80's he begins, a cycle of installations which have continued until today, and make up a work in progress. These works, which use such poor materials as indian ink drawings on paper, are structured according to previous architectures or constructions which emphasise the multiplication of the dynamic planes of framing. In this decade he has exhibited paintings which complement these installations, aiming at serialising the "plurality of the subject", and permanently responding to questions in the artistic field (current ones or uncurrent ones), to which he cannot remain passive. As it is known that he is also engaged in a literary activity which is beginning to be published, his works should be seen as a coming-and-going within this controversial space which confronts images with words, either as "allegorical appearances" or as "narrative possibilities".