Em tudo sinto a poesia,
Desde o insecto à planta,
Tudo me diz sinfonia,
Tudo me prende e encanta.
Um cardo seco que seja,
Um pedinte esfarrapado,
Qualquer pária abandonado,
Um réptil que rasteja,
A borboleta que adeja,
O gavião que assobia,
O pintainho que pia,
Implorando à galinha,
Por simples tendência minha
Em tudo sinto poesia.
Um flor que murchou,
Outra mais que floriu,
Uma abelha que zumbiu,
Um veículo que passou,
Um insecto que saltou,
Um rebanho que se espanta,
O eco de uma garganta,
Um apito, um som disperso,
Tudo diz o mesmo verso,
Desde o insecto à planta.
A água que corre nas fontes,
Os arroios graciosos,
Os regatos caprichosos,
A imponência dos montes,
Os extensos horizontes,
A brilhante luz do dia,
A contínua melodia
Das vozes da criação,
É tudo a mesma canção,
Tudo me diz sinfonia.
A majestade da serra,
Os aromosos perfumes,
Os sotaques, os costumes
Dos habitantes da terra;
O cordeirinho que berra,
O passarinho que canta,
A caça que se levanta,
A fugir, espavorida,
Tudo poemas da vidaa
Tudo me prende e encanta.
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