CARLOS PERES FEIO

3 - Amor
(poema a escrever hoje, ou nunca)

não dei por ele
talvez brisa no
pescoço
e na orelha
o primeiro arrepio de prazer
talvez tenha sido isso

leve, começo a senti-lo
refresca-me

mas cresce
torna-se forte
antevejo um tornado
com todos os sentimentos
no centro
a elevar-se em
espiral
para fora de mim e
do mundo dos ventos

amor-vento
já uma tempestade
abre-me os olhos
amor-água
escorre-me pelo rosto
pelo corpo

as cordas das velas do meu passado
esticam rangem vibram
as cruzes nelas bordadas
partem com o vento
e a minha alma fica
branca
pura
disponível
para receber as tuas marcas
só as tuas

 
carlos peres feio - Antuã, 1995 - revisão de de 2004