Era pedra e sobre essa pedra
Ergueu-se o templo do amor atroz.
Ele de fogo, ela a cordeira
Toda cordura chamando o algoz.
Sangram as tubas: Inês é morta!
Em meigo mito transmuta-a o pranto
Do ermo amante que erra sozinho
No seu deserto de diamante.
Nem ar sangrento buscam seus olhos
Do corpo amado desfeitas pérolas;
E como fera coro os ossos
Da formosura que ao alto o espera
E em desatino da paixão lusa,
Perdida a alma que em Inês tinha,
O fim do mundo ficou esperando
Aos pés da morta, sua rainha.
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