KIRIRI : POEMABRIL /O COMUM DA TERRA, DE EUGÉNIO DE ANDRADE Fotos: Walkyria 10-04-2005 www.triplov.org |
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas. Quem conheça o sul e a sua transparência também sabe que no verão pelas veredas da cal a crispação da sombra caminha devagar. De tanta palavra que disseste algumas se perdiam, outras duram ainda, são lume breve arado ceia de pobre roupa remendada. Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão era morada e instrumento de alegria. Esse eras tu: inclinação da água. Ma margem vento areias mastros lábios, tudo ardia. |
EUGÉNIO DE ANDRADE in: 12 Poemas para Vasco Gonçalves, Porto, 1977 |