seremos a espécie viva sobre as membranas da terra.
ouvir-se-á uma aterradora melodia e será uma noite de obeliscos e cavalos.
sobre a lama avermelhada sob a lua viva caminharemos contra as sinistras armas.
que importa que a sabedoria do terror se estenda? nós somos a pedra piramidal
no obscuro construiremos os pássaros inexactos e eficazes como timbales.
no obscuro viveremos para libertar os astros dos signos e as palavras do ventre obscuro.
com a sabedoria das obras estrangularemos os dispositivos da hecatombe.
estamos na terra. a terra é a nossa sede. o nosso teatro de árvores.
onde estão os barcos que vencem a voracidade das águas purulentas.
o futuro é uma criança esfarrapada e luminosa no ombro do horizonte
e são estas mãos desgarradas do muro com que aprisionaram uma boca.
nós amamos estas paredes de ocre e de caliça com desenhos e cores
onde se mostra o alfabeto da nossa pobreza e do nosso amor.
o sinal de alerta já foi lançado no turbilhão das notícias roxas e vermelhas
contra as nuvens incendiárias contra os mestres da catástrofe
nós somos labaredas de consciência e de aurora nós somos pela vida
e a nossa frente libertará da implacável ameaça o futuro vivo.