Regressemos ao mar da juventude
Minha amiga, desçamos ao fundo da alegria
À luz da nossa única virtude
- Mesmo que perdido o amor, com nostalgia.
Em restos de conchas, pedacinhos de ossos
Repousam os barcos do passado,
E com pequenas nuvens - mas são ainda os nossos -
Uns olhos tristes nesse mar coalhado.
Desçamos pois à areia
E aí dancemos
Entre éguas marinhas
Mirando nossos rostos magoados.
Nesse fundo se acende a última candeia
Do desejo
Feita do barro e das pedrinhas
Em que seremos ambos transformados.
HENRIQUE DÓRIA - Mar de Bronze |