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Helder de Sousa
(Portugal). Jornalista, ficcionista.
Obras: A Ruptura, 1978; Fragmentos do
Silêncio, 1979 (2ª Edição 1991) e Edição
Especial ilustrada por Carlos Rocha
Pinto; Ao Sereno da Noite 1981 (2ª
Edição 1992); OS CADERNOS DE GABRIEL: *O
Vazadouro dos Deuses, 1983 (2ª Edição
1984); ** A Oratória dos Inocentes,
1990; Diário: Longos Dias Muitos
Encantos 1967-1969; Onde Bate a Sombra
1970-1971; Nas Margens da Inquietação
1972-1994. |
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HELDER DE SOUSA
Guilherme Parente:
Um percurso de vida inseparável da sua magistral
pintura
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Outro dia em conversa
com o escultor Virgílio Domingues a propósito da
pintura de Guilherme Parente. Ambos admiramos o
artista e, como tenho muita amizade pelo
eminente professor, permiti-me tecer algumas
considerações sobre a pintura do nosso amigo
comum. Disse-lhe que nunca vi em nenhum artigo,
crónica ou catálogo, a ligação da sua pintura à
infância. Guilherme é um ser misterioso,
secreto, que vive num mundo à parte, numa
espécie de limbo feliz, que não desvenda a
ninguém e só a sua pintura reflete. Falo da cor,
das formas, daquela invasão dos elementos
pictóricos que inundam as suas telas e são por
si só um cosmos deslumbrante de modernidade. Só
ele pinta daquela maneira, só ele consegue
misturar as cores com tal magia que a tela
resulta numa espécie de jardim da infância onde
ele permanece eternamente abstracto ao mundo
visível e dramático dos nossos dias. Os seus
elementos de ligação ao que o comove, cerca,
interpela são desagregados da sua função
emocional para se constituírem em uma superfície
tangente ao rumor longínquo que o chama do fundo
do paraíso. Talvez o artista nunca de lá tenha
saído, mesmo quando a vida o forçou a acudir à
trivialidade do ganha-pão, do convívio cínico,
da palavra redonda que aperta a consciência
quando nela depositamos as ambições e a
megalomania do génio.
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A sua marca, a sua assinatura, corresponde à sua
generosidade que só os grandes possuem. Onde
quer que esbarremos com as suas telas,
imediatamente as identificamos porque a sua
assinatura ímpar reside numa forma poética de
fazer pintura. Ninguém em Portugal pinta como
ele. Ele não se assemelha a nenhum outro
artista, nacional ou estrangeiro. Reina sozinho
num mundo fabuloso que só ele conhece os
enigmas. Como Picasso, Modigliani e sobretudo
Matisse... Por isso, é absolutamente justa a
homenagem que a Imprensa Nacional lhe presta com
este fascinante livro, contado na primeira
pessoa, pela persuasiva entrevista que Ana
Matos, num diálogo sobre a sua vida e a sua
obra, ambas inseparáveis do grande artista que
Guilherme Parente é, nos dá a conhecer. A
Galeria São Mamede expõe um conjunto de telas
originais, que merecem a visita dos apreciadores
de uma arte abolsutamente original. O livro, por
si só, é uma obra de arte que vale a pena
conhecer e percorrer com os olhos iluminados da
criança que se detém em nós. |
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GUILHERME
PARENTE
Conversa, vida e obra
Imprensa Nacional/Casa da Moeda
Lisboa, 2016 |
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