Revista TriploV
ns . nº62. janeiro-fevereiro 2017 . ÍNDICE

Gustavo Dourado é professor, escritor e poeta. Conselheiro do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal e autor de 13 livros. Participou e coordenou a Feira do Livro de Brasília e o Festival de Cinema de Brasília. Foi convidado pela Presidência da República do Brasil para escrever um cordel em homenagem a Ariano Suassuna. É também diretor da Academia de Letras de Taguatinga.


GUSTAVO DOURADO


Zumbi dos Palmares - A Consciência Negra

Para Joel Oliveira e todos os afrodescendentes

 

Zumbe a consciência negra
Do comandante guerreiro
Mártir de sangue africano
Herói do povo brasileiro
Lutou contra a escravidão 
Exemplo no mundo inteiro

1655
O ano do nascimento
1695
Deu-se o falecimento
Morreu e eternizou-se
Deu asas ao movimento

Zumbi da Serra da Barriga
Um líder descomunal
Combateu a tirania
Baluarte cultural
No Quilombo dos Palmares
Combatente magistral

Brasil - Pernambuco - Alagoas
Zumbe Zumbi em quimbundo 
Hoje, União dos Palmares
Deu o seu grito profundo
Zumbi revolucionário
Alma que ilumina o mundo

Serra da Barriga - Cerca do Macaco
Mocambos em profusão
Sucupira e Tabocas
Sabalangá em ação
Osenga, Acotirene
Zumbi vive no sertão

Zumbi em Danbrapanga
Andalaquituche vital
Nos quilombos de Palmares
A luta monumental
A busca da liberdade
Contra o jugo colonial

O seu povo era do Congo
Do coração africano
Aqualtune na origem
Os negros no oceano
Ganga Zumba Ganga Zona
Sabina, mãe do soberano

Da união com Dandara
Logo Motumbo nasceu
Harmódio foi o segundo
Que Dandara concebeu
Aristogíton por último
Que jamais estremeceu

Sua esposa foi Dandara
Ganga Zumba familiar
Da nobreza africana
À resistência popular
Zumbi dos Palmares é
O Brasil sempre a lutar

Muito sangue derramado
Em cruel inquisição
A opressão portuguesa
A terrível escravidão
O negro deu o seu grito
Fez sua revolução

Zumbi Francisco Brasileiro
Lutou contra a opressão
Foi herói da resistência
Contra a vil exploração
Merece nossos aplausos
É mártir da libertação...

Gustavo Dourado

 

Lindo cordel. O Gustavo Dourado havia me falado sobre essa intenção. Mas dedicada a mim e aos demais irmãos é, deveras, uma manifestação de amizade, cumplicidade e de abraço à causa. De fato, sou um camarada engajado e apaixonado por todas as formas de luta por reconhecimento e correção de todas injustiças, preconceitos e/ou discriminação. Gustavo, este teu texto é, na verdade, um levante, um acelerar fas almas adormecidas que ainda julgam que banimento do outro é a forma sábia, quando não é, de ascensão de qualquer jaez. Obrigado amigo Gustavo Dourado! Joel Oliveira
 
 
 
 
 
 
 
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