Impossível ver seu rosto de
homem
pentecostes na voz em meio à
sarça ardente
seiva bruta na saliva que irriga
lavouras
de poemas e ostras e algas
do mar da Madeira. Ilha de
mistérios
onda a levedar no pão de cada
lua
ofício cantante em harpa de ouro
e trigo
louros ressequidos pelo sol
selvagem
de seu autoexílio.
Impossível ver seu rosto em
bronze
diamante polido pela mão de um
anjo
a gritar: – Ó zona de baixeza
humana!
Mítico maldito em estado
selvagem
o olhar varado pela flecha de
prata
do menino-bardo;
cordão umbilical atado a tudo
que o tempo lavrou em vil
caligrafia:
fogueira e monturo no buço da
noite
cabelos de plantas descendo os
adobes
ressaibos de dores nos poros do
amor
explosão do átimo de Deus
lavas de dragão incinerando a
pátina
vulcão regurgitando a própria
entranha
escarrando pro céu o cuspe de
sua alma.
Impossível não ler Herberto em
chamas. |