REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2012 | Número 23-24

 

Expo-ficção virtual para triplov.com

PALAVRAS CRUZADAS

Descrição: 12 Fotomontagens - Nave sobre gravuras acompanhadas por 12 nótulas.

Três personagens que se encontram numa nave intergaláctica a grande distância da Terra trocam palavras, quase trialogam, no decorrer da missão espacial de busca da Rua das Janelas Azuis e das suas míticas laranjas.

 

ALEXANDRA SOVERAL DIAS

Palavras cruzadas

Expo-ficção

                                                                  

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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1. Rumo à Rua das Janelas Azuis 001

Blue ticket* «Rumo à Rua das Janelas Azuis», 2011. 

 

1ª NÓTULA

A nave intergaláctica AsAzul 3 encontra-se no espaço sideral em missão de busca com três tripulantes a bordo. Procura a mítica Rua das Janelas Azuis ou melhor a luz que se vê ao fundo dessa rua da qual, segundo dizem, podem avistar-se os laranjais das doces laranjeiras que florescem a cada primavera para trazerem ao mundo o milagre das laranjas azuis de sonho e alegria, possivelmente as únicas que poderão fazer esquecer as laranjas de ouro que vêm obcecando os homens.

* Blue tickets em http://blueticketsproject.blogspot.com

 
   
 

2. Rumo à Rua das Janelas Azuis 002

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Construção», 2007.

 

2ª NÓTULA

Aqui, numa pausa em que a nave intergaláctica AsAzul 3 paira simplesmente no vazio, os tripulantes aproveitam para verificar a integridade da fuselagem.

 
   
 

3. Rumo à Rua das Janelas Azuis 003

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Cosmos», 2007.

 

3ª NÓTULA

Dos 3 tripulantes da nave intergaláctica AsaAzul 3 pouco se sabe para além de que se intitulam Sub-Comandantes e que respondem pelos nomes de AnaMar, Fernão Mendes e Alexandra Dias.

 
   
 

4. Rumo à Rua das Janelas Azuis 004

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Planetário», 2004. 

 

4ª NÓTULA Onde se cruzam as palavras.

Atravessam um espaço densamente povoado.

- Estes planetas parecem ser olhos que nos observam! - fala AnaMar.

- Sim, tenho também a impressão de que são olhos vivos que nos observam…- concorda Fernão Mendes, pensativo.

- Possivelmente isto explica tudo! – exclama Alexandra Dias -Sempre achei que havia algo que nos observava no céu nocturno – continua para logo questionar - A que distância estamos? Será que daqui conseguem ver a Terra?

Alexandra Dias movimenta-se freneticamente de um lado para o outro como se tivesse acabado de descobrir um Grande Mistério do Universo.

 
   
 

5. Rumo à Rua das Janelas Azuis 005

Fotomontagem, nave sobre gravura , «Olhário», 2006. 

 

5ª NÓTULA onde as palavras se cruzam.

- Parece um aquário de olhos – diz AnaMar arrepiada – gostaria que saíssemos daqui.

- Preferia, pelo contrário, tentar comunicar com estas entidades e saber o que vêem e o que pensam – contrapõe Fernão Mendes e logo acrescenta - Se é que vêem… se é que pensam.

Alexandra Dias não diz nada durante um grande bocado, depois sugere: - Podíamos perguntar-lhes se por acaso vêem a Rua das Janelas Azuis…

 
   
 

6. Rumo à Rua das Janelas Azuis 006

Fotomontagem, nave sobre gravura, «Cerca do Lago», 2007.

 

6ª NÓTULA onde as palavras voltam a cruzar-se.

- Estamos no Céu ou no mar?- conjectura AnaMar abrindo ainda mais os seus grandes olhos de espanto.

Fernão Mendes elabora um pouco mais como um eco perdido na bruma do tempo - É isto o Espaço Intersideral, o Oceano Galáctico ou ambas as coisas e nenhuma delas?

- Não sei onde estamos mas creio que estamos Aqui - arrisca insegura Alexandra Dias e acrescenta sumidamente -…aqui e agora.

 
   
 

7. Rumo à Rua das Janelas Azuis 007

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Nocturno», 2003. 

 

7ª NÓTULA onde as palavras se encontram para se cruzarem.

- Mas que raio são estas esferas móveis que andam por aí? - começa novamente AnaMar

- Deixa lá isso… se nos perguntassem, não creio que fossemos nós próprios capazes de explicar muito bem quem somos e o que andamos por aí fazer. - responde Fernão Mendes.

-Talvez sejam espiões móveis dos olhos mudos que encontrámos há três dias, lembram-se?- conjectura Alexandra Dias - Talvez estes sejam mais comunicativos… - e logo prossegue com o seu espírito objectivo de missão - e se lhes perguntássemos se sabem onde fica a Rua das Janelas Azuis?

- Olha que tu és de ideias fixas! - Exclamam em coro AnaMar e Fernão Mendes.

 
   
 

8. Rumo à Rua das Janelas Azuis 008

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Cortina», 2006. 

 

8ª NÓTULA onde as palavras se encontram e entrecruzam.

- Será que chegámos?- interroga-se AnaMar falando mais para si própria que para os outros.

- É isto uma rua? - pergunta Fernão Mendes tanto para si como para os outros.

- São isto Janelas? - questiona também Alexandra Dias esperando que lhe respondam porque tem mais uma pergunta para fazer que aguarda a luz verde de um sim. Se vier a confirmar-se que são as janelas azuis, irá perguntar pelas laranjas.

 
   
 

9. Rumo à Rua das Janelas Azuis 009

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «Ouro sobre azul», 2006. 

 

9ª NÓTULA onde as palavras vêm de muito longe na expectativa de um cruzamento.

- Estamos completamente perdidos - diz AnaMar - aqui não há janelas… só parece haver maçãs.

- Sempre ouvi dizer que é preciso perdermo-nos para nos encontrarmos…- reflecte Fernão Mendes, sempre filosófico - mas não são maçãs…repara bem…penso que são laranjas.

- Maçãs ou laranjas, pouco importa! Vê-se bem que são de ouro o que significa que estamos mesmo completamente perdidos - conclui desalentadamente Alexandra Dias.

 
   
 

10. Rumo à Rua das Janelas Azuis 010

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «2ª Explicação», 2009. 

 

10ª NÓTULA onde as palavras se encontram e desencontram.

- Por aqui também não vamos bem. - nota AnaMar.

-Nem esta lógica nem este mapa não nos servem. - afirma categórico Fernão Mendes

- De nada nos adiantam estas explicações! Precisamos de um caminho para avançar não de saber porque chegámos a uma encruzilhada. - afirma Alexandra Dias em jeito de conclusão.

 
   
 

11. Rumo à Rua das Janelas Azuis 011

Fotomontagem, nave sobre gravura (parte), «O Sol, a Lua e os Anjos», 2008.

 

11ª NÓTULA onde as palavras se confundem umas com as outras.

- Estes brincam connosco. - arrelia-se AnaMar - Não gosto nada destas brincadeiras!

- Não devem ter mais nada que fazer! - zanga-se Fernão Mendes.

- Temos que dar-lhes o benefício da dúvida. - diz Alexandra Dias, mais condescendente. - Talvez queiram indicar-nos o caminho…o problema é que não percebemos nada!

 
 

12. Rumo à Rua das Janelas Azuis 012

Fotomontagem, nave sobre gravura, «Navegar, navegar», 2007. 

 

12ª NÓTULA onde as palavras se dobram sobre si mesmas.

- Oh! Que espectáculo! - emociona-se AnaMar -Vejo a cidade em festa, cheia de fogo de artifício!

- Que maravilha! - exclama por sua vez Fernão Mendes - Vejo o mar todo iluminado, cheio de navios engalanados!

- Oh! Sim! É tudo muito maravilhiôooso! - diz Alexandra Dias -Estou a ver a Luz!

- Está decidido! Vamos investigar este quadrante! - diz Fernão Mendes assumindo o comando. E a nave AsaAzul 3 imobiliza-se mais uma vez  no espaço sideral.

 

 

 

 

Alexandra Soveral Dias (Portugal):
É professora auxiliar no Depto. de Biologia da Universidade de Évora, coordenadora do Grupo de Interdisciplinar de Estudos sobre Pigmentos e Corantes Naturais, sedeado na Universidade de Évora e membro da Associação de Gravadores de Évora (AGE). Em 2006 orientou em colaboração com outras colegas da AGE um workshop de gravura em metal.
Formação em gravura:
- Workshop de calcogravura com orientação de Humberto Marçal, Univ.Évora, 23-30 de Outubro de 1999.
- Workshop sobre técnicas de verniz branco e Chine collé com orientação de JoAnn Lanneville, Galeria Teoártis, Évora, 4 a 7 de Maio de 2002.
- Workshop de gravura em técnica mista e colagens com orientação de Slavko Zupan, Museu de Évora, 4 a 6 de 2002.
- Frequência do atelier livre de gravura da AGE desde 2002.
- Frequência da disciplina anual de Gravura do curso de Artes Visuais da Universidade de Évora durante o ano lectivo de 2003-2004 com orientação de Ana João Romana.
Exposições : Participou em diversas exposições colectivas de Artes plásticas e de gravura em Portugal e no estrangeiro. Em Setembro de 2004 expôs individualmente «Alegria», na Cafetaria Terras de Café e no Palácio Vimioso em Évora. "Olhário", no TriploV, é a segunda exposição individual.

 

 

© Maria Estela Guedes
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