RE – GRESSO HABITÁVEL
O silêncio dos cereais.
Objectos que se quebravam de encontro à luz.
No varanda suspensa ouviam-se as roldanas
ameríndias.
As estrelas descansavam sobre os térreos muros.
Um homem trazia um oceano no eco dos dedos.
Nas profundezas dos tanques rodopiavam
as cítaras dos peixes arcaicos.
E os velhos lançavam redes de girassóis ao
passado.
Hálitos de cristal repousavam nas margens.
Navios. Cânticos. Velhas rotas.
O Jogo das navalhas.
A rótula do sangue. O selo quebrado.
E havia os atalhos
por onde seguíamos..
Arfantes, duas liras erguiam-se dos pulsos
abertos .
Eram janelas...
Por baixo, os lírios pulsavam .
A pedra gritava. Castanha.
Contava-se que ali existia um celeiro esquecido:
lamparinas, anéis de estrelas,
pulseiras egípcias, taças de bronze,
antigas escrituras , microfones de geisers,
maravilhosas crinas...
o sonho
e o a -mar.
E a aldeia era branca.
Das portas pendiam gloriosas sinetas.
Os batentes eram de ouro vermelho.
Lá dentro, ardiam as pálpebras,
olores profundos e absolutos
de um tempo habitável.
Mais tarde, junto ao fogo,
as feras da noite rugiam, pacíficas,
e as mulheres deitavam-se, na diagonal;
flutuantes
espreitavam os homens por entre
a vertigem do mel e dos frutos agrestes
e os seus mamilos erectos
lembravam o bronze de sísmicas violações.
Entao, a forja do amor inflamava -se
- era o regresso à fonte. |