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A
minha amizade por Eugénio Lisboa não vem de longe. A minha admiração por
ele, sim. Como escreve a propósito dos viciados em Camilo que se
sinalizam uns aos outros como uma espécie de tribo silenciosa cujos
membros comunicam por gestos, olhares, esgares, assim os amadores (em
sentido literal: aqueles que amam algo) da literatura cujo
apetrechamento foi consumado fora da instituição universitária, se topam
espontaneamente uns aos outros. Sem ligarem a diplomas, cargos, pequenos
ou grandes sucessos profissionais, de que ninguém fará uso corrente fora
dos circuitos para que foram criados, define-os atitudes típicas das de
um grupo insurrecto reunido por sensibilidades afins, disposto a
arranhar um establishment constrangedor, canónico, corporativo –
como era, pelo menos, o das faculdades de Letras portuguesas no tempo em
que numa delas E. L. poderia ter feito o seu aprendizado de feiticeiro.
Sabem-se “membros” da conspiração que os junta num largo e fraterno
espectro de partilha de saberes e alvoroços. O apego à ideia de que
extensas e apaixonadas leituras só ganham em que se lhes acrescente a
experiência vivida de cada um, torna-me parte interessada nesse pacto
subterrâneo de afectos, por ínfimo que seja o meu contributo para a sua
consolidação.
Eugénio Lisboa é o paradigma de um certo homem de Letras que subiu a
pulso mas que excedeu largamente o projecto de se fazer a si mesmo
escritor. Ao ultrapassar brilhantemente essa meta, imiscuiu-se na
pesquisa das causas do que o levou a alcançar tão para lá do que já
seria uma proeza de indiscutível merecimento enquanto objectivo de
realização pessoal. Chegou, efectivamente, longe. Visando o horizonte
ontológico de pés bem assentes na terra, foi capaz de sobrevoar o
pessimismo existencial e o niilismo pedante e cínico, territórios de
acesso franco aos de menor capacidade de reacção à adversidade,
propensos ao queixume, à melancolia e ao sarcasmo inócuo. As
vicissitudes por que passou o homem social num específico momento
histórico, com o abandono não desejado de bens, Terra e família, trouxe
à superfície a fibra do cidadão corajoso, já conhecido pela frontalidade
e pelo desassombro em pugnas travadas nos jornais moçambicanos, mas
agora tendo como perspectiva o futuro ensombrado pela míngua de soluções
que permitissem a correcção de um percurso, indo já adiantada a fase das
oportunidades e das escolhas. Doravante, digamos, era a doer. A resposta
à emergência circunstancial que pudesse ter criado nele estados de
espírito propícios ao fermentar de ressentimentos, deu-a resistindo:
dobrou a realidade hostil até a deixar de joelhos.
Sim, Lisboa foi um indivíduo que as vicissitudes da História puseram
severamente à prova, num curto mas decisivo e conturbado período da sua
vida. Vicissitudes que o obrigaram a ter de refazer tudo, desde partir
do nada para outra aventura até enxadar o chão de onde colher o
sustento. Veio a terreiro reivindicar um espaço para si, bateu-se na
guerrilha pela sobrevivência, ganhou, logrando estancar “a descida
fulminante, quase até zero”, da sua “magra conta bancária” (1). Graças
às dificuldades, no contexto funcionando como um desafio a vencer, o
homem acossado abriu caminho a uma nova carreira. Consolidou o estatuto
de grande ensaísta em atmosferas culturais de prestígio que o
enriqueceram intelectualmente e que ele também enriqueceu, dando a
conhecer aos outros muito do que ignoravam a respeito da literatura
portuguesa. Riqueza de que abriu mão com generosidade para conforto de
várias gerações de fruidores dos seus textos.
Reflectindo, então, sobre o currículo profissional em apreço, conclui-se
que apenas em certa medida está este ligado às nomenclaturas
universitárias que promovem o estudo das Humanidades, ou seja, que a
formação literária a ficou o nosso autor a dever a um esforço autónomo
de aquisição de saber, na juventude, baseado na curiosidade sem limites
e na atenção, questionadora, à palavra dos mestres. A execução de
tarefas nos antípodas da actividade literária tout court (só
acolher as primas donas que lhe chegavam a Londres, idas de Lisboa,
devia dar-lhe uma trabalheira das boas) como conseguiu ele alcançar a
docência universitária e tornar-se membro da Academia das Ciências, não
por causa das Ciências mas por causa das Letras? A descodificação é, a
meu ver, simples: a paixão pela literatura aliada a uma fantástica
capacidade de trabalho e temperada pelas vivências cujo lado adverso
desdramatizou apoiado no bordão dos romances, novelas, poesias e
ensaios, a um tempo escape e salvação nas horas más, logrou reconverter
em energia motora, quando não mesmo em inspiração para comportamentos
edificantes decalcados do melhor da lição dos livros. Sempre que foi
chamado (ou forçado) à polémica deu prova de atributos de coragem cívica
– outro traço marcante de personalidade que se lhe trouxe algumas
antipatias, também, com certeza, lhe granjeou inúmeras admirações tanto
pela rectidão de juízo como pela inflexível defesa dos seus pontos de
vista, baseados em valores a seu ver acima de qualquer suspeita. Depois,
Eugénio Lisboa soube conviver com as duas culturas – a engenharia, a
matemática, a técnica, por um lado; a literatura e os seus mistérios,
por outro – sempre num grau de convicção, de integração, de não exclusão
que torna o seu caso pouco frequente entre nós, sendo de acrescentar que
em todos os díspares domínios para que as condições de trabalho o
empurraram, o grau de aptidão demonstrado quer pelo engenheiro, quer
pelo gestor, quer pelo escritor, quer pelo professor, foi sempre de nota
máxima, traduzindo-se em resultados excepcionais como nesta data feliz é
atestado em consensual gesto de congratulação.
Hoje, a Universidade presta-lhe justa homenagem. Mas não foi, repito,
nenhuma faculdade de Letras que o formou. Licenciado em engenharia
electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico, ligado durante vinte
anos ao ramo petrolífero, dezassete anos em Londres como conselheiro
cultural (e bem sabemos como estes lugares impõem regularmente tarefas
burocráticas menores a quem os desempenha, não obstante a sua aura de
respeitabilidade mas igualmente condicionados por preconceitos
diplomáticos e outros: sobre isto tenho a dizer algo mais adiante) e
quatro anos como presidente da Comissão Nacional da Unesco, o que sobrou
a E. L. para uma efectiva ligação às Faculdades de Letras limita-se a
uma efémera passagem, em 1975, pela Universidade de Lourenço Marques,
onde regeu a disciplina de Análise da Narrativa, a um curto período a
ensinar em Pretória, aos cursos de literatura portuguesa que dirigiu na
Universidade de Estocolmo, o que perfará uns três, quatro anos, e aos
seis anos que leccionou na Universidade de Aveiro, esta mesma que hoje
aqui congregou um grupo de pessoas para uma justíssima homenagem ao
intelectual, ao amigo e especialmente ao ensaísta a cujos luminosos
escritos tanto devemos.
Voltando ao cargo de conselheiro cultural e logo numa cidade como
Londres: a ideia que prevalece é a de que Eugénio Lisboa, mal chegou,
começou a querer fazer andar as coisas a cadências diferentes das dos
seus antecessores, pese embora a estima pela pessoa que foi substituir.
(2) Ainda assim, os quatro primeiros anos, de sufoco financeiro,
espevitaram no novo C. C. o engenho e a arte de agir pragmaticamente num
contexto de necessidade, já que o que tradicionalmente seria um cargo
para carreiristas acomodados queria-o ele para desbravar terreno virgem
a pedir o rasgo de alguém disposto a arrotear e a semear, que a seara
farta não se faria esperar. L. C. Taylor, o grande amigo inglês da
Gulbenkian e lusófilo dos pés à cabeça foi o grande cúmplice na criação
de uma fundação, inicialmente chamada Anglo-Portuguese Foundation, (3)
que, ao profissionalizar a angariação de fundos, criou a base financeira
para a execução de um vasto projecto de divulgação da cultura portuguesa
com grande expressão no plano editorial. Obras de Eça, Pessoa, Régio,
José Rodrigues Miguéis, Jorge de Sena, David Mourão-Ferreira, Fernão
Mendes Pinto, entre vários outros, ganharam uma nova montra ao serem
vertidas para inglês graças ao esforço conjunto (por vezes tenacíssimo)
de Eugénio Lisboa e Taylor. Ninguém permanece num cargo durante
dezassete anos consecutivos se o que tiver realizado não for positivo, a
menos que protecções espúrias contrariem esta lógica. A Eugénio Lisboa
não faltaram nem o poder de fogo da sua vasta cultura, nem o domínio
completo da língua inglesa, nem o “descaro” para enfrentar os ingleses
quando se tratava de lhes lançar ao rosto as suas, deles, distracções,
relativamente a obras de certos escritores portugueses por traduzir, ou
reeditar traduzindo-se melhor alguns deles. Isto, que poderia ser
contraproducente do ponto de vista diplomático, acabou por render ao
Conselheiro Cultural um estatuto de autoridade junto dos britânicos
traduzido em convites para proferir conferências e ministrar cursos nas
universidades mais prestigiadas do Reino Unido, uma das quais lhe
conferiu, inclusive, o grau de Doutoramento Honoris Causa, a
Universidade de Nothingam. Por outro lado, não só Lisboa gostava do que
fazia como aproveitava intensamente a oferta de uma cidade como Londres
para se valorizar culturalmente e viver. Diz ele numa entrevista que me
concedeu para a revista que eu então coordenava, a Boca do Inferno,
de Cascais: (4)
“Mas, a seguir a Lourenço Marques (onde vivi, ao todo, 39
anos), a mais longa estadia foi em Londres, a que dei 17 anos, tendo
dela recebido outros 17; 17 anos cheios, inesquecíveis, de teatro (de
teatro!), de música, de livros, de viagens, de encontros, de inspiração
e da verificação de como pode haver uma televisão de qualidade e,
simultaneamente, de prazer. Não descanso enquanto não escrever as minhas
memórias de Londres.”
Por esta amostra se percebe com que entusiasmo extraiu
Eugénio Lisboa o máximo partido da sua permanência na capital inglesa e
como a vida se encarregou de o resgatar, com juros vultosos, à memória
dos acontecimentos dolorosos prévios a essa empolgante mudança. Que me
recorde, as ´”memórias de Londres” ainda não vieram cá para fora.
Todavia, quem nelas falou não costuma prometer em vão.
**
Um parêntese apenas para um apontamento sobre a ligação de Eugénio
Lisboa a José Régio e de como se contextualizou a amizade entre o
escritor e o mais importante estudioso da sua obra. Em 1976 começou a
ganhar grande visibilidade o interesse e pela personalidade do autor de
Benilde e a Virgem Mãe, ao editar na prestigiada colecção A
obra e o homem, da Arcádia, José Régio, uma biografia
valorizada pela abordagem ensaística do espólio do escritor, obedecendo
à risca aos pressupostos da referida colecção. Estudos subsequentes
sobre o mesmo tema “responsabilizariam” E. L. por ter dado uma “segunda
vida” ao injustamente esquecido Régio, segundo fôlego que pôs as novas
gerações em dia relativamente a um vulto e a uma obra merecedores de
melhor fortuna póstuma do que aquela que até então lhe fora reservada. É
preciso recuar, porém, até à juventude, para se perceber como Lisboa se
tornou íntimo de Régio muito antes de o conhecer pessoalmente. Um amigo
oferecera-lhe um exemplar de Uma Gota de Sangue e desde então a
admiração do jovem leitor pelo consagrado autor não parou de crescer.
Quando as maldades da tropa atiraram o laurentino para Portalegre,
colocação que não desejou uma vez que interferia com a sua assiduidade
às aulas no Instituto Superior Técnico, adquirira já uma familiaridade
com a obra regiana enquanto jovem autodidacta militante que surpreendeu
o próprio escritor. Com efeito, perante as dúvidas postas por E. L. a
José Régio quando este insistiu em que fosse ele a escolher os poemas
para o 2º volume da sua poesia, (editada pela Livraria Tavares Martins,
do Porto, 1957, na Colecção Poetas de Ontem e de Hoje) disse:
“Tem de ser você a fazê-lo. Conhece a minha obra muito melhor do que
eu.”
A
convivência com José Régio até nem começou de forma muito calorosa /
ostensiva. Amigo comum (Dr. Falcão) juntou-os numa tertúlia no Café
Central, de Portalegre, e só a pouco e pouco o gelo foi derretendo até
desaparecer, quando Régio viu naquele aspirante miliciano um leitor, não
só bem documentado a respeito do seu trabalho literário, como
particularmente dotado para o analisar e comentar; e o militar destacado
a contra gosto na província foi a pouco e pouco mandando às urtigas a
timidez dos primeiros tempos ao ganhar consciência de quão fértil era o
terreno à disposição da sua insaciável curiosidade para adicionar ao
pecúlio aforrado novas e mais excitantes informações. Assim principiou
uma sólida amizade que, alicerçada na admiração recíproca, viria a
incentivar Eugénio Lisboa a produzir a vasta obra ensaística em torno do
legado do criador de Há mais Mundos e cujo último testemunho veio
a lume há poucas semanas com a publicação de Ler Régio – mais um
conjunto de estudos consagrado ao insigne mestre.
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Chega a impressionar como em Eugénio Lisboa “o estilo é o homem”. Talvez
constitua intrigante fenómeno para muita gente que ele, possuindo um
estilo literário tão cristalino, repleto de sonoridades e ritmos
encantatórios, que muitos dos chamados criadores não desdenhariam
cultivar, o tenha exprimido quase exclusivamente no ensaio. E que nas
breves intervenções no domínio da poesia, por exemplo, um outro estilo,
mais tenso e contido, se cinja ao essencial despido de artifícios
nocivos à pedagogia do mensageiro na transmissão do conteúdo da
mensagem. Se a escrita age diferentemente no ensaísta e no poeta, talvez
não seja despiciendo sustentar que na lírica a emoção fica de fora para
fazer acordar no seu lugar o ser eminentemente racional que Eugénio
Lisboa também é, e que o intérprete do recado alheio é mais capaz de
assistir em alternâncias de ritmo e de tom, de agilidade mental e de
“sentimento”, o acto receptor, numa coabitação dos princípios da
realidade e do prazer (do texto) nele alteridade perturbadora de que
emerge o homem das duas culturas – a emoção para a crítica, a dureza e o
rigor para a poesia, num quadro de funcionalidades discursivas cujas
direcções se diriam trocadas.
O
que torna este dilema interessante será porventura o facto de o ensaísta
ter sempre um interlocutor alvo, omnisciente ou não – fora o grande
interlocutor que é o leitorado anónimo – chamem-se eles Régio,
Montherlant, António Barahona da Fonseca ou Maria Filomena Mónica. Quer
dizer: através do ensaio comunica, autobiografa-se, medeia, polemiza –
escrevive, como diria o Urbano de outros tempos. Na poesia, o único
interlocutor é o próprio, de aí vir ao de cima o estofo metódico do
matemático, o escrúpulo do engenheiro. Sem o estímulo do mundo, sozinho
diante do espelho, a secura do poema como que recorta o perfil austero
do homem de ciência; ao invés, o ensaio, porta aberta para a vida,
devolve-lhe a alegria de se sentir parceiro de facto num processo
comunicacional intenso. Desta opção sai a ganhar o leitor. O modo quase
ficcional com que o ensaísta embala a prosa crítica ajuda a despir o
ensaio da sua reputação aborrecida e transfigura-o em paisagem solar de
que apetece tirar proveito. No exercício do ensaísta recreando-se a
recriar a Língua encontra o leitor, por contágio, todos os ingredientes
que melhor podem contribuir para se sentir próximo do livro – para o
adoptar ou para o rejeitar. Esta preferência pelo ensaio e pela crítica
como estrada prioritária na realização literária suscitou-me uma
pergunta ao entrevistado no referido número de Boca do Inferno
tendo obtido a resposta de que selecciono a seguinte passagem:
“[…] A vida não pára onde começam os livros: inclui-os. Se um romance
comenta a vida, tornando-se vida, não menos o faz um comentário de
Steiner ou uma meditação de Thomas Mann sobre Goethe ou Cervantes. O
autor da Montanha Mágica não é mais criador quando escreve esta
enorme massa ficcional do que quando prefacia, de modo esplendoroso e
vingador, o pensamento vigoroso de Schopenhaeur. De resto, nem sempre
fiz, como sugere, qualquer sacrifício: falando de Montherlant,
Gide, Mann, Pessoa ou Régio, quantas vezes me não terei servido deles
para exorcizar os meus próprios fantasmas… É preciso acabar com esse
preconceito de que só a poesia e o romance são criativos! Quanto romance
o não é e quanta poesia o é tão pouco.[…]”
Há ainda uma outra característica pessoal anunciadora de um regresso,
mais tarde ou mais cedo, como uma inevitabilidade, à docência activa:
Eugénio Lisboa gosta de ensinar. Essa qualidade é transparente na sua
ensaística, toda ela uma espécie de lição. Em cada peça, fala o
pedagogo: elenca os princípios, fornece as pistas (mesmo que tenha de
citar, segundo os seus críticos mais ardentes, demais, no que é ainda,
declaradamente, o professor a endossar conhecimento) (5) e opina em
conformidade com os postulados enunciados, em moldes favoráveis ao
despertar de cumplicidades de amplas comunidades de leitores para o que
está para além das leituras: emoções, choque de sensibilidades,
motivações causais, vida, em suma.
Seria, naturalmente, uma pena, que E. L. não se cumprisse também como
professor ao mais alto nível, tendo em conta o extraordinário capital de
saber acumulado e a sua inata vocação para o doar. A Universidade de
Aveiro, ao chamar a si o emérito ensaísta como professor catedrático
convidado, prestigiou e prestigiou-se, enxergando mais adiante do que
outras universidades com maiores responsabilidades. Para Eugénio Lisboa
terá sido a cereja no topo do bolo. Percebe-se que viveu a situação como
um justo prémio pela militância na Literatura, e que os seis anos de
docência em Aveiro, não apagando a jubilosa e produtiva experiência
londrina nem as saudades do remansoso tempo moçambicano, o privilegia
ele de entre os que mais generosamente o recompensaram das muitas horas,
dias, anos, em que o conluio com os enredos dos livros se fez enredo da
sua própria existência.
Ao colocar no lugar certo o pedagogo, que assim pôde dar expressão plena
a essa sua vocação confidencial, ou nem tanto, e que aos oitenta anos
continua vivo e bem vivo, quer na regularidade com que vai publicando,
quer na constância com que continua a intervir na cena literária
portuguesa, a Universidade de Aveiro deu um exemplo de como todo um
trabalho cultural exterior à Universidade pode ser assumido pela
instituição que, implicitamente, ao “recuperá-lo”, o reconhece e
celebra. |