2. De
tanta força brava
a seda de seus
lábios jardins de tanto silêncio
nos dias de hoje
chega ao sol
o mar de músculos
rijos detalhes
ondeada a enxada
abria meus olhos em pastos menores
às quatro da tarde
meu quarto só dizia
a certo tempo um
beijo meus cinco anos
vez ou outra meus
olhos ainda descem o morro em força brava
3. Nkalu
a maza[1][1]
interrogando um
exército sou a fuga
viva experiência
típica acidental idade do deserto
outros pontos
fugidios o afecto traduzia-se aí a unidade das imagens ao seu lado
arredondados nova falta no afecto da indecisão a tarde avoluma-se a
construção
ocorre palavras após
palavra sobra palavras
sinal
exacto nkalu a maza fertilidade de esperas
4. Kintwadi[1][2]
tocar o céu tambor
de vertigens o peito kintwadi . nem sequer sonho
esta criança rasgada túnica
lambe os braços
cheios de corpos profundamente idênticos em sandálias o que canto é só
lavrada margem sobre a pele é um mal desatar o nó salvo regressa agora
do sono mais branca pena quem a fere ou o vento raparigas tua amada
noite em margens altas a memória abandonada casa seios: és palácio:
estendidos já os vejo onda recuada em tudo
exaltam posto sol
salga o canto pesada pena em redor
perfume real pele derramada ao meu lado.
5. Talvez
dobrado azul
não é verdade talvez
me esqueça velhíssimo do cansaço
debaixo do pé um
sinal revés o cimo a boca
só a boca a alcançar
a porta morta nas luzes tristes destes lábios
6. Em
sexo livre a língua
entre as trevas e a
seiva da sintaxe abundam palavras
inofensivas nada
dizem à pátria por imitação os impérios
renovam os aspectos
os tempos os modos
outro soldado
emergia
unia a habitação a
fonética e a fonologia ao sol de casa
pirâmides e
intervalos o corpo cego texto
regenera cidades
ppor visitar falida interacção
as meninas árvores
nocturnas com portas e janelas polares
tudo treme sobre o
papel a mesma travessia dispersa tudo
7. Nzaya
e de súbito
longamente os pés ligeiros muna nzaya
couro e madrugada a
sandália ainda pequenina
dançavam assim
pisavam se pudessem dormir estendidos no corpo da noite inteiros vêm de
longe assim ficam esquecidos para a alegria pastores do monte não trazem
ovelhas não trazem cabras descem na voz negra e prematura de novo a
serpente entre sombras a membrana do vento sacode-se púrpura pois não os
colhia outra vez agitados tanto sonho.
arde o desejo fosse
além uma toalha a dar que basta
dividido nem o mel
sobretudo as cores misturadas
8. Mayembe
O lábio inteiro chão
as reentranças
a fala da tarde
outra hora meu todos pela totalidade
repartidos yo mayembe
acaba de chegar da
idade média regressa
certa mente
repartida pa lavra o pasto
a cisterna água
plena meu muro vidrado
nuvem teu inteiro
lábio o muro todo.
9. Cortinas
o sol nas asas do muro
velho orvalho cai o
canto sustém as duas asas no muro
cortinas: o sol,
fruto: a pêra, ave: o cuco equivocadamente
nem lama nem leito
nem estação nem atalhos nem cascata
só o silêncio a
direita duma manhã
pedras envolto
arrepio de chuvas. ruína apertada ossificação
cantarias em
palácios cinzentos silêncios
filtram o peso da
manhã e desciam hoje pela bata do céu
cortinas o sol nas
asas do muro.
10.
O teu pé na
mão da boca
o teu pé simples
gestos aonde te leva
a tua mão volumosa
cegueira o que segura
a tua boca molha o
que diz dos símbolos
em presença
funcional descobre que as camisas
são objectos
hospitalizados
rumos e vidraça
saem mais certamente
do ilíaco e orientam marinho trabalhar
os astronautas como
membros penetram-lhe o corpo
transparente rosto
descalçado nos logaritmos degraus
as roupas marfim
invisível na consciência longa
dos olhos o
instrumento do diálogo
dáctila as
substâncias islâmicas
portes os corpos das
sombras máquinas
desérticas a
armadura de teus olhos duras lembranças
11.
Espaço plano
das linhas
a superfície das
mãos fala em trânsito estações
à mesa luz ao voltar
ao mar a lucidez cresceu no silêncio
apenas a casa entre
flores perdia
a transparência dos
gritos no horizonte a lucidez noites
criando hinos
feridos camas aves destinos e inacabadas
todas as pátrias
vidradas sílabas
precedendo janelas
dançam entre o funil e a torre
baixíssima dos
sismos as maiúsculas páginas da ressurreição
12.
Em tua cor de
ausência
Vejo-te pedra em tua
continuada cor de ausência
todas as altitudes
da quarta lágrima latitudes
circulam em si
inventadas cidades amanhecendo
sem poder acreditar
nos volteios dos veículos desta sólida noite
olhares de sua
permanente manhã
nas sombras da
matéria desta construção movimentam-se outros
corpos |